No Pantanal da Nhecolândia ao Paiaguás, em uma linha reta de 300 km, só tem uma conveniência. Há 31 anos, é referência para tudo e também vende de tudo: da cachaça ao remédio, tudo se encontra no “Qué-qué”.
O local foi sendo aprimorado e agora tem banheiro, dormitório, rádio escuta, internet e ainda “socorre” muitos peões, fazendeiros e turistas que passam pela região. Mas, é só o pantaneiro mesmo, o pantaneiro raiz, que conhece a origem do nome. Ou, pelo menos conhecia, até agora…
Imagine o diálogo. O cliente chega “varado” de fome ou sede e pede uma cervejinha…
- Quanto está?
- R$ 15
- Nossa, muito caro!
- “Qué, qué”, não “qué”, só em Corumbá…
![Conveniência e mercearia possui produtos de todo tipo e atende até às 20h diariamente. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax](https://cdn.midiamax.com.br/wp-content/uploads/2023/06/21073838/CAPA-PADRAO-1-5.jpg)
Seja com a bebida alcoólica ou qualquer outro produto, a conversa se repetiu inúmeras vezes, com os clientes “pidões” pedindo desconto, até a conveniência, oficialmente, receber o nome de “Qué-Qué”.
“Meu pai chegou em 1992, quando aqui era um mundaréu de terra, água e muitos animais. Ele montou e aí foi evoluindo aos poucos. Tem de tudo o que a pessoa precisa. Tem gente que chega de fora e compra repelente, mas, aqui a gente brinca que o repelente do pantaneiro é a cachaça”, disse o microempresário Luis Cláudio do Carmo, de 33 anos.
![Galpão e caminhões foram adquiridos ao longo do tempo, diz microempresário. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax](https://cdn.midiamax.com.br/wp-content/uploads/2023/06/21073414/image-41-5.jpg)
Quem for ao local no horário do almoço, por exemplo, encontra refeição quentinha. No dia da visita do MidiaMAIS, estava sendo servido macarrão com carne.
“A partir de 2005 a conveniência e mercearia cresceu e passamos a oferecer espaço para as pessoas dormirem e também montamos um barracão. Desde então, a gente viu triplicar o número de fazendas, então, compramos dois caminhões em leilão, que eram do Exército. A gente faz o transporte de gado para quem precisa, é uma referência também de transporte na Curva do Leque”, comentou.
Segundo Luis, a rádio escuta também ajuda muito os fazendeiros da região. “Muitas vezes acontece da gente estar dormindo e ligarem, pedindo socorro, porque alguém está passando mal e precisa ser levado para o hospital. Da última vez, ligaram umas duas da manhã, então, a gente já acostumou. E agora tem internet também. O único lugar e custa R$ 15 a hora. Qué, qué, num qué, já sabe”, brincou.
Além de ajudar a clientela, um dos motivos da instalação da internet é por conta do pagamento. “Não é sempre que as pessoas estão com dinheiro, então, a gente precisou por conta de máquina de cartão, do pix, essas coisas. Daí os clientes podem se conectar, fazer o pagamento”, explicou o microempresário.
![Conveniência tem rádio escuta para conversar com fazendeiros no Pantanal de MS. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax](https://cdn.midiamax.com.br/wp-content/uploads/2023/06/21073538/image-41-6.jpg)
Entre um atendimento e outro, Luis mostra que a simpatia e o bom atendimento fazem os clientes nem se importarem com o preço. Muitos deles inclusive colam adesivos na entrada, principalmente de clubes de motoqueiros e jipeiros que passam pela região.
“A gente conversa bastante, conhece tudo por aqui. Meu pai foi pioneiro e todo mundo conhece a ‘Qué-Qué’ hoje. E agora recebemos e conversamos com bastante gente de fora. Mostro o mapa do Pantanal e vamos conversando. Tem jipeiros, tem gente de São Paulo, de todo canto que passa por aqui”, finalizou.
![Distância em linha reta onde só tem a conveniência do Qué-qué no Pantanal sul-mato-grossense. Foto: Reprodução.](https://cdn.midiamax.com.br/wp-content/uploads/2023/06/21072815/WhatsApp-Image-2023-06-20-at-11.59.28.jpeg)