Um casal animal bem simpático e verdinho chama atenção em tronco abandonado em frente ao Paço Municipal de Campo Grande. Quem olha repentinamente pode até pensar que são duas maritacas, mas não. E, apesar de carismáticas, essas aves não são muito adeptas a se reproduzir nesse tipo de ninho urbano, preferem mesmo um lugar inusitado e até privativo: os forros das casas das pessoas.

Acostumado a ver araras-vermelhas no mesmo tronco na Avenida Afonso Pena, um leitor do Jornal Midiamax pensou que o resto de uma árvore servia de ninho para as aves que são símbolo da capital Campo Grande. Até que, certo dia, ao passar pelo mesmo ponto, notou a presença das verdinhas e acreditou que as mesmas eram maritacas, e que elas teriam “roubado” o lugar das araras.

Ele fez o registro e encaminhou sua dúvida. A reportagem então contatou a bióloga Larissa Tinoco, responsável por coordenar os trabalhos de campo do projeto Aves Urbanas, que trouxe esclarecimentos importantes sobre o animal. Para começar, não são maritacas, nem periquitos, mas pertencem à mesma família das araras.

“Essa espécie é uma maracanã-pequena cujo nome científico é Diopsittaca nobilis. Neste caso, em específico, não me parece ser um ninho de arara, pois a entrada principal está fechada. Provavelmente, foram eles mesmos que fizeram essa cavidade aumentando um pequeno buraco”, diz a profissional.

animal Maracanãs-pequenas em ninho na Afonso Pena - (Foto: Leitor Midiamax)
Maracanãs-pequenas em ninho na Afonso Pena – (Foto: Leitor Midiamax)

“Registramos apenas uma vez a espécie utilizando o ninho construído pelas araras. Isso não quer dizer que ela não possa utilizar, mas a chance que isso aconteça é quase que inexistente. Mas existe uma espécie de maracanã, conhecida como maracanã-de-cara-amarela (Orthopsittaca manilatus), que essa sim é comum se reproduzir e disputar ninhos com as araras-canindés”, esclarece Larissa Tinoco.

Veja imagens desse animal em Mato Grosso do Sul:

Quanto ao avistamento de araras-vermelhas no mesmo tronco, a bióloga especialista explica que elas não se reproduzem aqui em Campo Grande. “Estão aqui no primeiro semestre do ano para se alimentar. Então, mesmo que alguém chegar a ver uma arara-vermelha pousada em um ninho, não indica que ela está para se reproduzir, ou que o ninho é dela”, esclarece.

“Tanto a Canindé, quanto a vermelha, quanto essa maracanã, podem apenas estar explorando. As vezes estava de passagem e parou para dar uma olhada e depois não vai voltar. Pode ser que seja só uma visita. As araras-Canindé, elas sim se reproduzem aqui em Campo Grande e estão no momento de exploração e escolha dos ninhos. Pode ser também que, num intervalo que a Canindé foi se alimentar, a maracanã pousou ali”, pontua.

Por fim, ela encerra o assunto dizendo que é necessário observar por um bom tempo para entender o comportamento da ave. “Em outro momento, em outro período, essa cavidade pode ser explorada por um tucano, por um urubu. A observação dessa dinâmica é a longo prazo. Tem que parar e ficar olhando o que vai acontecer”, finaliza.

Algumas curiosidades sobre as macaranãs-pequenas

As maracanãs-pequenas não são consideradas ameaçadas de extinsão e também não são frequentemente encontradas em cativeiro, embora também possam ser um animal de estimação com a devida autorização.

Elas são consideradas aves bem sociáveis, com longevidade de 30 anos e altura de 30 a 35 centímetros. O Brasil é um dos países de origem dessa espécie, que é natural da América do Sul. Em Mato Grosso do Sul, é frequentemente avistada na região do cerrado.

Avistamentos do animal em Campo Grande podem ser conferidos clicando nos links abaixo:

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* Alterado às 17h em 2 de junho para correção de informação