VÍDEO: Espírito de vítima deu ‘depoimento’ para inocentar marido de assassinato em Campo Grande
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Um tiro, uma mulher morta, um marido acusado e julgamento inesquecível. Gleide Dutra de Deus, ex-miss Campo Grande, faleceu em 1980 após ser baleada na altura da garganta. Seu marido, João Francisco Marcondes Fernandes de Deus, foi acusado de ter efetuado o disparo e assassinado a esposa. Mas, uma reviravolta inesperada mudou os rumos desta história, relembrada nesta quarta-feira (20) pelo MidiaMAIS: o espírito da vítima retornou para avisar que tudo foi um acidente.
Conforme o livro “Sangue no Oeste”, que documenta os crimes e mortes que marcaram Mato Grosso do Sul, o caso entrou para a história dos tribunais de Campo Grande. Tudo começou no dia 1º de março de 1980, quando Gleide e João voltavam de uma festa, por volta das 00h30.
“Os dois moravam no bairro Jardim dos Estados. Naquele dia, o casal retornava feliz de um jantar, em companhia da mãe de Gleide e mais dois amigos. Eles se dirigiam para outra festa, que seria realizada na casa de um colega de trabalho. No caminho, a mãe de Gleide pediu para ser deixada em casa. Pouco tempo depois, a própria Gleide também desistiu de ir à festa”, narra o livro.
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De acordo com a obra, baseada no processo, quando chegaram à residência, ambos entraram, pois João de Deus queria pegar o revólver que possuía por ser tesoureiro da agência de crédito. Alguns minutos depois, os dois amigos que ficaram no carro ouviram um disparo e gritos de socorro vindos de dentro da residência.
João então saiu do local carregando a mulher e se dirigiu a um hospital, onde Gleide permaneceu internada e faleceu posteriormente, aos 25 anos. Na delegacia, o marido da ex-miss disse que o disparo contra a esposa havia sido acidental. Ele afirmou que pegou o revólver de um pequeno cômodo ao lado da cama, e, ao colocar a arma na cintura, ela disparou sozinha.
Após a declaração de sua versão dos fatos, o suspeito se internou no então Sanatório Mato Grosso alegando desequilíbrio emocional. O promotor Francisco Pinto de Oliveira Neto denunciou o acusado para ser julgado pelo Tribunal do Júri.
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Em juízo, João Francisco declarou que Gleide estava sentada na cama no momento do disparo e que ele estava pegando a arma para ir com o irmão e um amigo, que o esperavam no carro, para uma outra festa.
“Em março de 1982, o juiz Armando de Lima remeteu o processo ao Tribunal do Júri, por entender tratar-se de homicídio doloso, aquele em que o réu tem a intenção de matar. Depois de debates judiciais entre acusação e defesa, a Turma Criminal do TJMS anulou a sentença de pronúncia e o processo foi remetido para outro juiz”, detalha “Sangue no Oeste”.
Por unanimidade, no primeiro júri realizado, os jurados reconheceram que João não teve a intenção de matar a mulher. Ele então foi absolvido, mas a acusação recorreu e um novo júri foi determinado. No segundo julgamento, 10 anos depois da morte, em 1990, o réu foi acusado por homicídio culposo, sem a intenção de matar.
Desta vez, a defesa do marido da vítima, encabeçada pelo renomado advogado Ricardo Trad, usou duas cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier, nas quais Gleide afirmava que o marido era inocente. Testemunhos de enfermeiros que a atenderam no hospital antes de morrer também relataram que ela teria inocentado o marido.
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O réu foi condenado a um ano e meio de prisão por homicídio culposo, mas não chegou a ficar preso porque a pena já havia prescrito. Trecho da carta de Gleide psicografada por Chico Xavier dizia o seguinte:
“Querido companheiro e esposo de coração, eu mesma pedi a Jesus que me permitisse não me afastar do corpo sem que eu pudesse esclarecer a verdade. Eu sentei na cama, quando notei que você tirava o cinto cuidadosamente. Nem eu nem você sabemos explicar como o revólver foi acionado e a bala atingiu a minha garganta”, declarou o espírito de Gleide.
O juiz aceitou o documento como prova, mas, na época, a família não considerava e acreditava que João Francisco havia matado a esposa friamente, como mostra reportagem da TV Morena, no dia do julgamento final. Assista abaixo:
Tamanha repercussão fez o caso ir parar no famoso e extinto programa policial da TV Globo, “Linha Direta”, em 2004.
A história foi relembrada e o ex-marido de Gleide Dutra revelou que deu o nome da ex-miss Campo Grande à filha de um casamento posterior, como forma de homenagear a mulher que muito amou um dia. Ele também afirmou que a família dela veio a aceitar e, por fim, reconheceu as cartas enviadas pela mulher.
Confira:
Sangue no Oeste
Idealizador do livro “Sangue no Oeste”, Sérgio Cruz documenta em sua obra “mortes e crimes violentos na História de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul” entre os anos de 1730 e 2020. A morte de Gleide Dutra solucionada pelas cartas de Chico Xavier está entre elas. O autor, que se dedica à pesquisa histórica desde 1974, detalha e explica ao MidiaMAIS por que decidiu reunir esses dados.
“Eu reuni os fatos históricos. São dados mesmo, crimes rumorosos, e alguns eu deixei de fazer por falta de informações. Só editei e levantei fatos já publicados em jornais e livros. Não tem nada de novo, mas a intenção é reunir esse material, documentar tudo, para facilitar a quem um dia venha a pesquisar sobre o assunto”, disse ele ao Midiamax.
“Espírito de vítima deu ‘depoimento’ para inocentar marido de assassinato em Campo Grande” é a sétima de uma série de reportagens do MidiaMAIS que recorda as mortes e crimes documentados na obra “Sangue no Oeste”, disponível para venda neste link.
![devorado por piranhas](https://midiamax.uol.com.br/wp-content/uploads/2022/06/sangue-no-oeste.jpg)
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