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MidiaMAIS

Quem acha que feira é só lugar de comer pastel, nem sonha o quanto alavanca nossa cultura

Após quase um século, inúmeras se espalharam pela cidade... e você, curte ir à feira?
Graziela Rezende -
Um dos primeiros registros da feira, que ocorria onde é hoje o Mercadão Municipal de Campo Grande. Foto: Mercadão Municipal/Arquivo Pessoal

estava começando a engatinhar, em pleno desenvolvimento, quando a primeira feira se instalou por aqui. Quem estuda o assunto inclusive conta que o trem parava em frente ao espaço, onde é o atual Mercadão hoje, para comprar produtos como legumes, verduras, frutas e carnes. Quase um século depois, inúmeras se espalharam pela cidade e, muito mais do que uma opção para comer pastel, são locais que alacavam o comércio, sustentam famílias e oferecem produtos típicos da nossa cultura.

Nesta quinta-feira (25), é o Dia do Feirante. O MidiaMAIS então visitou locais que contam parte das histórias das feiras da cidade. O primeiro foi o Mercadão. Por que ali? Mais uma vez, voltando no tempo, é pra te contar que, em 1924, a Feira Central de Campo Grande começou naquele espaço.

“O Mercadão, que faz 64 anos no dia 30 de setembro, foi o espaço da primeira feira de Campo Grande, hoje a feirona, que fica ali na 14 de julho (complexo da antiga Estação Ferroviária). A história aponta que o trem parava ali e Antônio Valente era uma das pessoas que descia e frequentava a feira, já que morava nas proximidades. Ele era dono daquele terreno e, em 1954, fez a doação”, explicou o assessor administrativo do Mercadão, Daniel Amaral.

Além da ‘feirona’, Ceasa também funcionava no Mercadão

Frutas e verduras frescas sendo comercializadas na feira. Foto: Mercadão Municipal/Arquivo Pessoal
Frutas e verduras frescas sendo comercializadas na feira. Foto: Mercadão Municipal/Arquivo Pessoal

Falando em feiras, outra grande curiosidade é que a Ceasa-MS (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) também funcionava no Mercadão. Para quem sobe as rampas, na entrada, nem imagina que elas foram estrategicamente construídas para caminhões estacionarem ali e descarregarem mercadorias.

Com tamanha movimentação de clientes, comerciantes e migrantes, o local teve até uma inauguração, no espaço de 13 mil metros quadrados, em 1930. “Neste espaço enorme da feira colocaram duas bandas para tocar, uma em cada canto, já que não havia som. E o bacana é que houve um combinado, eles tocavam em sincronia a mesma música”, contou Amaral.

Já em 1955, a feira foi transferida para a rua 15 de Novembro, entre a Avenida Calógeras e a Rua 14 de Julho. Em 1958, houve nova inauguração no espaço do Mercadão, quando muitos feirantes passaram a vender seus produtos, bem como outros foram transferidos para a Rua Antônio Maria Coelho, entre as ruas Pedro Celestino e 13 de Maio, onde a feira ficou até meados da década de 60.

Última mudança da Feira Central foi para antiga Estação Ferroviária

Tempos depois, acompanhando o crescimento da feira, houve nova transferência. O público e comerciantes passaram a apreciar os feirantes na Rua José Antônio, entre a Abraão Júlio Rahe e a Padre João Crippa. Ali, já com o público fiel, a “feirona” estava prestes a se dirigir para a antiga Estação Ferroviária, sendo este um espaço amplo, estruturado e com arquitetura pensada nos seus fundadores. Ao todo, são 199 bancas de verduras, doces, em geral, artesanato, entre outros. O chamariz, no entanto, fica por conta do tradicional sobá.

Manoel é feirante há 58 anos e mostra radinho, papel de fiados e teto que permanece original. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax
Manoel é feirante há 58 anos e mostra radinho, papel de fiados e teto que permanece original. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax

Feirante desde o início, Manoel Bento Martins, de 69 anos, está no Mercadão há 58 anos. Ali ele conheceu a esposa, sua companheira por 45 anos no local e que hoje descansa em casa, além de conquistar inúmeros clientes e ser o único que permanece com a banca intacta, sem qualquer modificação desde que a adquiriu na juventude.

Feirante começou a trabalhar aos 11 anos e mantém banca intacta desde a década de 60

“Não mexi nada, nem no teto, nem no piso e nem nos armários de madeira, com divisórias para as pessoas comprarem os produtos a granel, como se vendia antigamente. Nunca fui de gastar muito dinheiro, mais de juntar. E penso que os produtos que vendo são os mesmos, mudou pouca coisa, então, nunca achei necessário mexer aqui na banca”, explicou Mané, como é conhecido.

Antes da banca, ele conta que já trabalhava na feira engraxando sapatos, vendendo pastel e bolos, fabricados pela mãe. “Eu brinco que foi só desmamar e eu já estava no serviço. Estudava na Estadual Maria Constança Barros, lá que eu brinco que uma diretora me fez ser gente. Até lá eu vendia os meus produtos. Esta antiga diretora já faleceu, mas, vinha sempre aqui me visitar”, argumentou.

Sobre o segredo de um bom feirante, Manoel fala que é “algo simples”, porém, as pessoas esquecem no dia a dia. “O segredo é ter conhecimento, conhecer pessoas e tratar todo mundo bem. Aqui tem fiado também, tenho minhas anotações e o pessoal paga certinho. Antigamente, as pessoas se ajudavam mais, então vinha alguém, me pedia um produto e sempre voltava para pagar para sempre ter crédito”, relembrou.

Outro fiel companheiro do seu Manoel é um radinho, junto dele há exatos 60 anos. “E nunca estragou”, enfatiza. Prestes a se aposentar, ele se orgulha da sua trajetória como feirante que o levou a um casamento feliz, uma filha, duas netas e uma infinidade de amigos saudosos que sempre o visitam no Box 20 do Mercadão.

Professora é cliente fiel do seu Mané, há 19 anos. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax
Professora é cliente fiel do seu Mané, há 19 anos. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax

A professora aposentada Isabel Vilalba, de 68 anos, é uma destas antigas clientes. Frequentadora do local há 19 anos, a maior curiosidade foi saber por que ela deixa de ir ao mercado para fazer compras com o “seu Mané”. “Ele é uma excelente pessoa. Nós conversamos e eu gosto de vir aqui. Outra coisa são os preços dele, que são muito bons e mais baratos. Muitas vezes pago R$ 1 a menos, mas, quando junta tudo o desconto é bom”, disse.

Com ‘nichos’, feiras vão desde venda de produtos veganos a antiguidades

Feira de antiguidades que ocorre desde 2014, em Campo Grande. Foto: Montagem/Jornal Midiamax
Feira de antiguidades que ocorre desde 2014, em Campo Grande. Foto: Montagem/Jornal Midiamax

Com o desenvolvimento da cidade, surgiram também vários “nichos de feiras”, como veganas, de louças, de de roupas e até de antiguidades, por exemplo. Neste último caso, desde 2014, um grupo se reuniu e expõe os objetos na cidade. Atualmente, a Feira de Antiguidades ocorre no segundo domingo de cada mês, na Praça Ary Coelho, além da Feira Bosque da Paz, no terceiro domingo de cada mês.

“Nós chegamos a ter 22 feirantes antes da pandemia, pois lá encontramos novos clientes e amigos colecionadores. É muito bom porque conversamos, encontramos gente interessada nos nossos produtos e é ótimo. Sempre tem movimento também, não só daqui como de cidades vizinhas”, finalizou.

Por que 25 de agosto é Dia do Feirante?

A data é um marco de comemoração ao dia 25 de agosto de 1914, quando a primeira feira livre ocorreu em e reuniu 26 feirantes. Na rua, eram vendidos produtos bem mais baratos que em empórios e mercearias próximas, como frutas, verduras e legumes.

Anos depois, feirantes continuam trabalhando com o mesmo zelo, em todo canto do país, levando alimentos frescos e com preços mais acessíveis, principalmente no caso dos itens sazonais. As feiras também mostram a importância dos pequenos agricultores, que movimentam toda a cadeia agropecuária e estão em constantes busca por valorização.

Por fim, para os clientes, as feiras são ambientes únicos para momentos de lazer, alegria e relaxamento. Ou seja, não perca tempo e procure já a feira mais próxima da sua casa!

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