De lavador de pratos a sushiman

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afirma ao Jornal Midiamax

Sushi de ‘bandeja’

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Além do Nikko, Carlos Antônio também trabalhou no restaurante ‘China’, onde ganhou o apelido, e atualmente assume a posição no Hong Kong, o segundo espaço mais antigo a vender sushi na cidade. Sempre adepto da linha tradicional, o que o sushiman não esperava é que outra vertente começasse a crescer na cidade: o sushi de bandeja com combinações inusitadas, como cheddar, bacon, azeitona, calabresa e até Doritos.

Comida popular

Como você viu até aqui, o sushi chegou a Campo Grande em 1989, com o restaurante Nikko. A partir daí, outros espaços passaram a comercializar a culinária, mas sempre na vertente tradicional. No entanto, não é novidade para ninguém que a iguaria japonesa é, e sempre foi, um prato de alto valor aquisitivo, especialmente por causa do preço do salmão.

Foi então que os empresários da Capital adotaram o estilo de rodízio com ‘bandejão’ e outros substitutos do salmão, como sushi de cheddar com bacon, Doritos, geleia, calabresa e assim por diante. Com essa mudança estratégica, adotada primeiramente pelo espaço Sushi Express – lá em meados de 2010 – os pratos ficaram mais baratos e se popularizaram na cidade.

Não é à toa que hoje existem diversos empreendimentos com a culinária japonesa, desde a clássica até a acessível. É inevitável negar: o campo-grandense ama sushi. E nesse universo, China diz que até tentou manter a linha clássica nos restaurantes ao longo dos anos, conforme ensinava novos profissionais o ramo. Mas, não adiantou, porque os clientes sempre buscavam essas opções ‘diferentonas’. 

“Eles [restaurantes] modificaram muito, colocaram muito azeitona, pepino, cheddar. Eu não gosto de trabalhar com esse tipo de sushi, eu procuro pegar muito o lado tradicional, mesmo. Eu não acho legal esse tipo, mas tem gente que gosta. Como a gente trabalha nessa área, tem que fazer”, afirma China, com humor.

“Eu cheguei até uma época a criticar para tirar isso aí e manter mesmo o tradicional. Alguns tentaram, mas a casa dava uma caída, porque o povo daqui, o sul-mato-grossense, gosta disso daí, de sushi de cheddar, bacon, calabresa. Essas coisas eles pedem muito […]. Dá uma dor muito forte no coração a gente ver o sushi crescer em Campo Grande e agora a gente vê isso”, brinca o sushiman.

Pioneiro no sushi de Campo Grande, ‘China’ afirma seguir a linha tradicional (Foto: de França/Midiamax)

 

Professor

Apesar das diferentes gostos e estilos, China afirma que sempre dedicou a sua vida ao preparo e ensinamento do sushi. Independente da vertente, o profissional da área sempre trabalha com higiene, precisão, detalhes e organização para entregar o melhor resultado possível. Foi nessa premissa que o sushiman trabalhou nos últimos 27 anos e levou seu conhecimento a outros espaços.

Considerado parte da história de Campo Grande, foi por meio da sua experiência que novos profissionais, empreendimentos e amantes da culinária nasceram na região. Questionado como se sente em relação à sua contribuição para a disseminação do sushi aqui, ele afirma se sentir muito realizado. “Eu fico muito feliz de ver que se popularizou, há muitos restaurantes e que estão se dando muito bem. Eu acho bacana”, finaliza o sushiman.