Erva de tereré e até itens descartáveis dão vida à arte que foge de traços elitizados

Com produtos naturais como a erva de tereré e até itens considerados descartáveis para muita gente, o artista visual Victor Macaulin, de 26 anos, dá vida a arte que encanta e revela traços de obras menos elitizadas, como ele mesmo classifica. Ao contrário das telas e tintas caras, o trabalho exposto por ele é feito com o que é improvável.

Ao lado de outros nove artistas, Victor é um dos aprovados em edital para expor no Festival de Inverno de Bonito. Para eles, a organização do evento montou stands ao lado do palco principal. Esta foi a primeira vez que o evento abriu as portas para artistas visuais.

Em folhas de papelão, o artista utiliza pigmentos naturais como cinza, carvão, a típica terra vermelha de Campo Grande que justifica o apelido “Cidade Morena”. Também, argila amarela recolhida às de córregos e cores retiradas de vegetais como beterraba, açafrão, urucum e hibisco.

Baseados em pesquisas feitas com todo o cuidado, quadros que retratam grandes revoltas registradas no Brasil e no Mundo, entre elas, a Revolta da Chibata que revela o histórico dos negros no País e Revolta dos Males que ocorreu, nos anos 1.800.

“Meu trabalho mostra muitas realidades: dos negros trabalhadores coleta seletiva e de pessoas menos vistas pela sociedade. Também trouxe pinturas com nossos animais do serrado. Retratei principalmente os que estão em risco de extinção, como a onça, o tatu canastra, macaco bugio, porco do mato, arara azul e as ariranhas”, comenta.

No acervo de Victor, obras coloridas e monocromáticas que variam entre R$ 5 e R$ 1 mil.

Ao lado, Mauro Mendes, de 36 anos, é o artista visual que, sem planejamento, faz mandalas de pontilhismo em MDF que impressionam pelo colorido e formas geométricas.

“A imagem vai surgindo conforme o meu sentimento. Quem olha as mandalas consegue enxergar toda a simetria e parece ser tudo calculado, mas não é. São portais energéticos que se encontram há milhares de anos”, explica.

Além das mandalas Mauro também faz porta incenso, chaveiro e canecas de porcelana. “É um trabalho importante até para quem tem ansiedade, depressão e déficit de atenção.”, completa. As peças mais vendidas são as que retraram Nossa Senhora e tem significado de proteção e as que brilham no escuro. Os preços variam entre R$25 e R$350.

Com o tema Pantanal, a artista plástica Milla Freitas, de 38 anos, viu as produções de onça se transformarem nas mais pedidas dos materiais expostos. “O pessoal chega pedindo a Marruá”, comenta.

De acordo com ela, os últimos dias foram de correria intensa para que sua arte estivesse no festival e chagasse ao máximo de pessoas. “Os últimos três dias pintei direto em bases de MDF. Fiz porta copos, chaveiro e quadros”, relata.

“Estou bem contente com esse momento. Nós perdemos muitos amigos na pandemia e aqui estou reencontrando muita gente, muitos artistas. Uma grande oportunidade de integrar todos com essas exposições”, finaliza.

Confira a programação do Festival, com início a partir desta quinta (25):

Ao longo do evento, outros artistas nacionais de renome se apresentam no FIB. Confira a line-up:

• Daniel – quinta-feira (25) no Palco das Águas;
• Macaco Bong – quinta-feira (25) no Palco do CMU
• Majur – sexta-feira (26) no Palco do CMU;
• Gaby Amarantos – sexta-feira (26) no Palco das Águas;
• Vanessa da Mata – sábado (27) no Palco das Águas;
• Rincon Sapiência – sábado (27) no Palco do CMU;
• Banda Ira – domingo (28) no Palco das Águas.

O Festival de Inverno de Bonito será realizado de 25 a 28 de agosto na cidade turística. Estão programadas várias atrações culturais nesse período, como músicas, dança, teatro, circo, etc. Confira a programação completa do Festival de Inverno de Bonito neste link.