Do ‘mistão’ ao suco detox, Cido percorre ruas do Centro e clientela acaba com estoque em menos de 5 horas
José Aparecido atuou como cozinheiro durante 19 anos, até que decidiu empreender e percorre região central com o “caderninho de fiado”
Graziela Rezende –
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Não precisa de nenhuma constatação científica pra dizer que o sonho de todo vendedor é passar e, sem esforço algum, a pessoa já pedir o produto dele. Mas, como nada “cai do céu”, é preciso ir à luta para conquistar clientes. E quem vê José Aparecido Ferreira Vieira, de 47 anos, percorrendo o Centro de Campo Grande, em um carrinho cheio de delícias e com o “caderno de fiado” em mãos, pouco sabe o quanto ele batalha diariamente.
Cido, como é conhecido pela clientela, acorda às 4h30 para preparar os lanches naturais. Ele então vai abastecendo as térmicas, seis ao todo, acrescentando também doces e sucos naturais, incluindo os sucos detox, que fazem bastante sucesso. No período de frio, o vendedor/cozinheiro “de mão-cheia” ainda acrescenta canjica, sopa paraguaia e arroz-doce no cardápio. O pudim de leite ninho, no entanto, não pode faltar em época alguma.
“Eu trabalhei como cozinheiro por 19 anos, inclusive em alguns buffets renomados de Campo Grande. Tinha toda essa experiência, resolvi fazer algo por conta própria e já tem sete anos que estou aqui no Centro. Mas, não comecei assim não, sofri bastante com dor nas costas carregando os produtos”, relembrou Aparecido ao MidiaMAIS.
Vendedor andava no Centro com térmica nas mãos e mochila com sucos
No início, ele carregava uma térmica em mãos, enquanto levava uma mochila nas costas com as bebidas. Com o tempo, o vendedor conseguiu um carrinho, que fica guardado em um local na região central, enquanto as térmicas ele leva e reabastece em casa, no Jardim Corcovado.
“Eu vendo tudo em, no máximo, umas cinco horas de serviço. Começo a percorrer as quadras por volta das 8h30 e vou até umas 13h30 mais ou menos. O pessoal nem sempre tem dinheiro na hora, então, eu anoto tudo no caderninho e me pagam no pagamento. Quando é cliente novo, vejo se é amigo do gerente, se ele indica a pessoa”, explicou o vendedor.
Cido ainda vende fiado ‘no caderninho’ e diz que 80% paga certo
Mesmo assim, ele fala que ainda “tem nó” de algumas pessoas. “Infelizmente acontece. Digo que 80% é cliente fiel, paga certinho, até para ter crédito no próximo mês. Só que acontece de gente parar de trabalhar e nem pagar mais. É um risco que eu corro, porque não tem outro jeito. Nem sempre as pessoas têm dinheiro na hora”, falou Cido.
A também vendedora, Rosemeire de Silva, de 47 anos, disse que é cliente há 4 anos. Ela atua em uma loja de utilidades, na avenida Calógeras, e já sabe exatamente o horário que Cido vai passar diariamente.
“Tudo o que ele faz é bom. E eu conheci ele em uma época bem mais complicada, em que ele carregava mochila nas costas e a térmica nas mãos. Você precisa é experimentar para escrever aí, porque eu falando não vai entender não, tudo o que ele faz é muito bom”, disse, enquanto pegava uma canjica em mãos.
O empresário Leonardo Soares, de 20 anos, também é cliente fiel de Cido. Aguardando ele na frente da loja, na rua Dom Aquino, o rapaz diz que, muitas vezes, nem toma café da manhã para saborear o lanche conhecido como “o mistão do Cido”.
“O lanche tem dois ovos, calabresa, presunto, mussarela e mais algumas coisas. Só não vai hambúrguer e é muito bom, eu garanto. Mas ele também tem bolo, doces. E as meninas aqui adoram o suco detox. É um exemplo ele, tudo que faz é gostoso”, finalizou Soares.
Veja vídeo do vendedor pelas ruas do Centro de Campo Grande:
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