Com sonho de comprar brinquedos e dois cofrinhos para encher, menino faz desenho e cola no portão de casa: ‘Vende-se gelinho’

Estudante colocou papel escondido da mãe e, mesmo ela tirando, o garoto colocou outro e insistiu para ela não tirar

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A mãe não sabe nem colocar um adjetivo ao certo no garoto, mas fala que “tem hora que ele tá inquieto, agitado, ansioso e até parecer ser uma criança hiperativa”. Dentro de casa a maior parte do tempo, neste período de pandemia, o estudante Oilton Júnior, de apenas 10 anos, viu a mãe fazendo a revenda de produtos cosméticos e decidiu também fazer algo para comprar os próprios brinquedos: vender gelinhos a R$ 0,25 cada. 

O menino colocou o plano em prática, após visitar uma tia e lá experimentar o gelinho de uma vizinha dela, perguntando como era feito. Ao retornar para casa, na rua Rosa Maria Lopes do Conto, bairro José Tavares, região norte de Campo Grande, ele pegou as moedas que tinha guardadas, comprou os ingredientes, saquinhos e fez os gelinhos nos sabores de uva, goiaba, laranja e manga. 

Nesse domingo (13), enquanto a mãe atendia as visitas, ele organizou tudo no freezer e então pegou o caderno de desenho e canetinhas coloridas. Pensando nos detalhes, o garoto escreveu “vende-se gelinho” e ainda desenhou casquinhas de sorvete, gelinhos e colocou o valor no papel. 

“Ele me perguntou como escrevia ‘vende-se’ e eu estava ocupada, conversando com as outras pessoas. Como eu demorei pra responder, ele disse que ia pesquisar no Google. Quando fui no portão, vi o papel lá e tirei. Fiquei com receio, com vergonha. Pois ele foi lá e colocou de novo, dizendo: ‘mão, não é pra tirar daqui’. Eu quero comprar os meus brinquedos”, contou ao Midiamax a cuidadora de idosos, Maria Ribeiro, de 44 anos.

Mãe diz que menino fez gelinhos e desenho enquanto ela atendia visitas nesse domingo (13). Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax

 

Criativo e cheio de força de vontade, o menino não só fez a propaganda do produto como amarrou, sozinho, todos os saquinhos após colocar o líquido e saiu oferecendo aos vizinhos, além de uma conveniência próxima de casa. 

“Eu tenho dois porquinhos e pretendo encher eles. Eu comecei a vender ontem e já consegui algum dinheiro. Eu também quero ajudar a minha mãe. Ela é a minha grande inspiração”, disse, abraçando a mãe em seguida. 

Emocionada com o gesto da criança, Maria fala que convive sozinha com ele desde os 2 anos de idade. “Nós somos muito unidos e ele sempre me surpreende com estes gestos. O Júnior não pode ver um policial também. É o sonho dele. Ele para, cumprimenta e tenho certeza que vai conseguir. Ele gosta de ajudar as pessoas também. É um menino que me deixa sem palavras”, afirmou.

A irmã do estudante, a estudante Maísa Ribeiro, de 20 anos, fala que “o espírito empreendedor” dele começou há muito tempo. “Ele sempre se inspirou na minha mãe e em mim também. Nós revendemos produtos e também já fizemos até maça do amor pra vender, algo que ele ajudou muito também”, finalizou. 

Estudante diz que está juntando dinheiro porque pretende comprar brinquedos. Foto: Marcos Ermínio/Midiamax

 

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