Ivanilson Carneiro Nogueira, de 46 anos, é um nome conhecido em Campo Grande quando se trata de objetos antigos. Isso porque o veterano é o fundador da emblemática Feira de Antiguidades — que voltou a funcionar recentemente na cidade. Apaixonado pelo passado, há 16 anos o homem é colecionador de moedas antigas. Agora, vive um novo objetivo: encontrar moedas raras para levantar recursos e, por fim, montar um museu na Capital juntamente com parceiros.

Ao Jornal Midiamax, Ivanilson contou que deu início à coleção de moedas antigas quando tinha 30 anos ao lado de amigos. Todos compartilhavam do mesmo interesse. Logo, o hobby amadureceu e deu início a ambições mais ousadas. Eles abriram a ANUMIS-MS (Associação Numismática de Mato Grosso do Sul) para colecionadores de moedas, cédulas e selos. A intenção, então, é achar mais produtos, vendê-los e levantar recursos para a criação do museu numismático, já que não há nenhum em Mato Grosso do Sul, como ocorre em outros Estados.  

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(Foto: Divulgação)

“No momento estou investindo em moedas até novas, mas que são difíceis de encontrar. Fiz vários anúncios nas redes sociais para comprar como investimento. Também estamos arrecadando para comprar uma sede própria para a associação”, afirma Ivanilson. Assim, o museu será um braço da Feira de Antiguidades, que já atua em Campo Grande há vários anos nos segundos domingos de cada mês, na Praça Ary Coelho.

O evento ficou suspenso por dois anos devido à pandemia, mas retornou logo no início de 2022. 

Importância do museu

A volta das atividades deu ainda mais expectativa para a implementação do novo projeto, especialmente para quem é fã do segmento. É o caso do Paulo Eduardo Rezende. Colecionador desde os 8 anos de idade, o publicitário hoje tem 40 e é apaixonado por história. Na sua opinião, criar um museu especializado em moedas e cédulas é de extrema importância para a preservação do passado.

Ele afirma que o investimento de outros Estados para essa área é bem maior. Atualmente, a Associação Numismática Sul-Mato-Grossense é uma instituição sem fins lucrativos que atua de forma independente.

Ao todo, 50 colecionadores associados pagam suas mensalidades para a construção da sede própria e, no futuro, um museu para expor os itens à população sul-mato-grossense. 

“Ter um lugar onde crianças possam aprender sobre a cultura monetária seria um sonho realizado. Basta os governantes apoiarem mais nossa cultura, pois conhecendo o passado, estudando a história do dinheiro, podemos aprender com os erros vividos por nossos governantes e, assim, podemos ter algumas ideias de onde estamos indo com as medidas tomadas atualmente pela parte econômica. Incentivar crianças não só ao colecionismo, mas também a aprender e apreciar itens históricos, é a melhor forma de preservar nosso passado”, afirma Paulo. 

Acervo em MS contém moedas do Império brasileiro (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Coleção de moedas 

As moedas e cédulas são consideradas documentos históricos, sendo utilizadas como fontes de dados para pesquisas. 

A Associação, como você viu até aqui, tem uma coleção vasta. São tantas moedas, que Ivanilson nem sabe a quantidade exata de quantas caixas e latas possui. As mais especiais, no entanto, ficam em um álbum. 

“As mais antigas são do império ou colônia. Gosto só das moedas Brasileiras, os famosos patacão de prata. A mais antiga no momento é de 1814, o patacão de 960 reis”, conta o colecionador. 

Assim, as moedas mais especiais são as de pouca tiragem, ou seja, que fabricaram menos. Quanto mais difícil de conseguir, mais cara e rara a moeda é. “Já comprei um lote de moedas de uma pessoa que encontrou enterradas na fazenda. E teve uma de uma data muito rara, avaliada em torno de $16 mil”, afirma Ivanilson. 

Além das moedas, a ANUMIS-MS também possui coleção de cédulas atuais e antigas. Os participantes colecionam todas.

“A ciência numismática faz uso de diversas áreas do conhecimento para compreender as moedas e cédulas, buscando identificá-las e situá-las no tempo histórico […] uma única moeda ou uma cédula, podem facilmente fornecer dados sobre o povo que a fez, como sua forma de governo, língua, religião, forma como comercializavam, situação da economia, e até mesmo grau de sofisticação dos povos, através da análise do método de cunhagem ou impressão”, disse Paulo, que também participa da associação. 

Para os entrevistados, a numismática tem um papel cada vez maior no estudo da história dos povos.

Para ajudar

A ANUMIS-MS é uma associação sem fins lucrativos que busca recursos para a sede própria e, também, para a construção do museu numismático em Campo Grande. Interessados em se unirem à causa podem entrar em contato pelo telefone (67) 98406-2345.