Vida Selvagem: Fotógrafo enfrenta perrengues e desafios, mas garante: ‘adrenalina vicia’

Nascido em Londrina, no Paraná, filho e neto de agricultores, o Fotógrafo da vida selvagem, Valter Patrial, teve sua infância cercada de muita natureza. Ainda na primeira infância, ele mudou-se com a família para o Mato Grosso do Sul, onde o marcou profundamente sua memória afetiva, como as noites olhando para o céu com seus pais, sentados […]

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Nascido em Londrina, no Paraná, filho e neto de agricultores, o Fotógrafo da vida selvagem, Valter Patrial, teve sua infância cercada de muita natureza. Ainda na primeira infância, ele mudou-se com a família para o Mato Grosso do Sul, onde o marcou profundamente sua memória afetiva, como as noites olhando para o céu com seus pais, sentados na varanda, onde a única luz era de velas, lamparinas e lampiões. 

Mais tarde, o clã Patrial mudou-se para o Mato Grosso e depois Roraima, na região amazônica, onde as aventuras, banhos de rio, trilhas na mata e outras diabruras despertaram sua paixão pela Natureza. Já na fase adulta voltou para o Paraná, onde estudou Química e posteriormente Engenharia, no interior do estado de São Paulo.  

Vida Selvagem: Fotógrafo enfrenta perrengues e desafios, mas garante: ‘adrenalina vicia’
Em uma de suas experiências mais desafiadoras, Patrial nos Andes (foto: Valter Patrial)

“Em meio a esta jornada, a sala de aula passou a fazer parte da minha vida. Lá se vão quase 3 décadas como Professor de Física. Bem, onde entra a fotografia? Desde sempre, pois a fotografia era feita com a mente e registrada pelas câmeras analógicas, lidar com os 3 pilares da fotografia era um grande desafio, abertura, velocidade e sensibilidade do filme me desafiavam a um estudo constante, estes estudos e conceitos ficaram, mais tarde com as digitais, foram essenciais para se profissionalizar”, conta ele. 

Hoje, Patrial atua no mercado de fotografia de Natureza, Expedições fotográficas e Workshops, por diversos países e estados brasileiros, buscando o que há de mais belo na natureza e centros urbanos. Nos últimos anos, foram realizadas Expedições para Patagônia, no extremo sul das Américas, Noruega, Suécia e Finlândia em busca das Auroras Boreais, recentemente o cenário foi o Deserto urbanizado de Dubai nos Emirados Árabes. 

O trabalho de Valter Patrial impressiona, não tem como passar aleatório por seus perfis nas redes sociais sem se impressionar com a força de cada registro, ou até se emocionar com as belas paisagens. Foi visualizando suas fotos incríveis que nos incentivou a querer saber mais sobre os bastidores de suas aventuras. E claro, sobre ela, a onça pintada, rainha do Pantanal, e como ele faz pra fotografá-las. <3

 

Vida Selvagem: Fotógrafo enfrenta perrengues e desafios, mas garante: ‘adrenalina vicia’
Com precisão, paciência e coragem, alguns dos registros do Fotógrafo (fotos: Valter Patrial)

ENTREVISTA 

Quais são os maiores desafios de se fotografar a Natureza, predadores ferozes e tudo mais? 

Fotografar predador é sempre uma caixinha de surpresa. Você tem uma noção do que é possível acontecer, mas previsão não tem como. Como demanda tempo, isso acaba tendo gastos, por exemplo, um custo operacional para você estar em um barco no Jofre (Pantanal Norte), lugar onde tem a maior densidade de onças no planeta, ele tem um custo alto.

Não é assim, vou ali fotografar uma onça e já volto. Tem que planejar. As pessoas não fazem ideia de quanto custa tirar uma foto. Em um dia de Jofre, hoje é em média de R$ 1.500 a estadia e, às vezes, pra se conseguir uma foto, você tem que ficar uns 4, 5 dias por lá. 

Vida Selvagem: Fotógrafo enfrenta perrengues e desafios, mas garante: ‘adrenalina vicia’
“Tá tum sono bebezão?” Coisa mais linda de se ver (foto: Valter Patrial)

Quanto tempo costuma levar até você fazer o registro perfeito? 

Já demorei tempos pra fazer uma foto, que seria horas, dias esperando um fato acontecer. Quando se trabalha com vida selvagem, muitas vezes você tem que buscar o animal, tem que ser levado em consideração a logística, o tempo. O maior tempo de busca foram 8 dias, 5 dias procurando por um animal para poder fotografá-lo. Já sobre os fenômenos naturais, a gente conegue ter um tempo mais curto, pois dá pra fazer uma previsão. 

Dos lugares mais difíceis acesso que já foi, quais vêm à cabeça? 

Um dos lugares mais difíceis, em relação ao acesso ao lugar das fotos, foi na Cordilheira dos Andes. Até mesmo porque os meus recursos são limitados… Quando se tem uma equipe, um financiamento, algo do tipo, o Himalaia não se torna mais tão inóspito, pois você tem uma equipe por traz que vai dar o suporte necessário. Eu fiz um trabalho nas cordilheiras onde éramos eu, um guia, um condutor de mulas e um cozinheiro pra ajudar na logística. E nós fizemos a travessia num ponto de 5,200m de altitude, foram 5 dias de caminhadas nos andes, assim perrengue mesmo. 

Vida Selvagem: Fotógrafo enfrenta perrengues e desafios, mas garante: ‘adrenalina vicia’
Os Andes na visão do Fotógrafo (fotos: Valter Patrial)

Aqui no Mato Grosso do Sul, tem boas histórias de perrengue também? E de onça? 

O maior perrengue no MS foi em uma campanha que a gente fez em 2017, mês de novembro, já tinha começado a chuvarada. Fizemos as armadilhas em um barranco, a gente já tinha capturado uma onça na noite anterior e naquela noite disparou o sensor da armadilha por volta das 2 horas da manhã.  

Era uma noite de lua minguante, não tinha lua e nós descemos o Rio Miranda, por volta de uns 4Km. A gente viu a barranca que tinha a armação e a gente verificou que tinha uma onça no laço. Estávamos em 4 pessoas, o veterinário que ia dar o dardo anestésico desceu no barranco e presenciei outros movimentos. Foi um dos momentos de maior perrengue e apreensão, porque na verdade não era uma onça apenas! 

Vida Selvagem: Fotógrafo enfrenta perrengues e desafios, mas garante: ‘adrenalina vicia’
Que céu é esse?! (foto: Valter Patrial)

Meu deus, e aí?! 

Nós pegamos um ‘filhotão’ de um ano e meio, dois anos… e lá estavam a mãe e mais outros dois indivíduos juntos. Eram quatro onças! Cara, aquilo foi um perrengue que durou horas, isso de madrugada, sem luz, foi tenso. Mas são essas adrenalinas que nos fazem voltar a procurar encontrar com elas de novo. Garanto pra você: essa profissão tem seus riscos, mas essa adrenalina vicia!  

E o que motiva você a seguir na profissão? 

O que motiva a gente, pelo menos a mim, é a superação, o crescimento, o desenvolvimento, buscar sempre novos desafios. Por exemplo, nessa viagem nos Andes foi um ‘Valter’ e voltou outro. Cada viagem, cada história, você nunca mais volta a ser a mesma pessoa. 

Confira mais fotos no site: http://www.valterpatrial.com.br/ e no Instagram @valterpatrial 

 

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