Sobrecarregadas na pandemia, mães não devem esquecer do autocuidado
“Mesmo sendo difícil, a mulher precisa achar um tempo só para ela”, alerta psicóloga
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Há mais de um ano trabalhando em home office, Viviane Moreira, mãe das pequenas Rosa, prestes a completar cinco anos, e Bárbara, de três, avalia a mudança de rotina brusca no ano passado como “muito difícil” e ainda sente como se o cansaço até hoje não fosse superado, mesmo com as filhas já frequentando a escola em horário reduzido, por conta da pandemia.
Acompanhar de perto a transição das pequenas para o ensino remoto, lidar sozinha com as demandas da casa, dar conta da produtividade profissional… tudo isso tendo que manter a mente, sua saúde e das filhas em ordem, em meio a uma pandemia, fez 2020 ser um ano desafiador para Viviane que até perdeu peso.
“É muito difícil você colocar uma criança pequena para ter foco nas aulas dentro de casa, né? E era só eu para lidar com duas crianças pequenas. Então foi bastante complicado. Se a gente for falar de saúde mental, especificamente da minha saúde, eu emagreci muito, por exemplo. Eu devo ter perdido, sem brincadeira, uns cinco ou seis quilos. Isso foi sinal de que alguma coisa não estava indo bem”, recorda.
Na pandemia, essa é uma realidade que pode ser observada em diversos lares em que para a mãe – sendo ela solteira ou não – é direcionada todo o cuidado com os filhos, casa e carreira profissional. Divulgada no final de 2020, uma pesquisa do Centro de Pesquisa Econômica e Social da Universidade do Sul da Califórnia mostrou que 32% das mães se sentiam esgotadas psicologicamente. Enquanto que entre os homens, pais ou não, o número foi de 19%.
A psicóloga Juliana Costa alerta que um dos principais sintomas desse esgotamento mental é o aumento de irritabilidade em situações que antes não incomodavam tanto assim. “Cansaço físico muito grande, dificuldade para dormir em alguns casos. Ou, então, você dorme e acorda muito mais cansada porque o cérebro não descansa. Dor no corpo e na cabeça, perda de prazer em fazer atividades que antes gostava muito. Esses são alguns sinais de que a pessoa já está no seu limite”, acrescenta.
Para Viviane, o retorno das filhas às aulas presenciais – que tiveram que ser adaptadas por conta do coronavírus, como parte da turma presencial e outra a distância e demais medidas de segurança – foi algo que ajudou a organizar melhor a vida em 2021. “Isso tem me ajudado com a demanda no trabalho e, também, na questão de que quando elas chegam eu estou mais receptiva, consigo estar um pouco mais atenta a elas. Eu uso meu horário de almoço, por exemplo, para olhar caderno, lancheira, ver se comeram tudo ou não. Consigo dar um suporte bem melhor”, explica.
Autocuidado e “vale-mamãe”
O olhar para si mesma foi essencial para Viviane cuidar da sua saúde mental. Felizmente, para ela, há a possibilidade de dividir a guarda das filhas com o marido. Ambos moram perto e revezam os finais de semana com as crianças. Quando tem a oportunidade de ter os dias só para ela é quando Viviane faz uso do seu “vale-mamãe”, como costuma brincar.
Ficar sem fazer nada, dar atenção aos cuidados com o corpo ou ficar deitada no sofá vendo seriado e comendo besteira. Essas são algumas estratégias que ela assume para ter mais gás nos dias seguintes. A psicóloga Juliana Costa confirma que o principal caminho para se sentir bem é por meio do autocuidado.
“Sabemos que a nós mulheres nos foi estimulado que devemos ser forte e temos que dar conta de tudo, da casa e dos filhos, e acabamos acreditando nisso até hoje. Nisso, muitas acabam negligenciando o autocuidado. E o nome já é autoexplicativo mesmo. O autocuidado envolve tudo aquilo que esteja relacionado a cuidar de você mesma, desde tomar um banho demorado a passar hidratante no corpo, por exemplo. Mesmo sendo difícil para algumas realidades, a mulher precisa achar um tempo só para ela”, conclui a profissional.
Outros aspectos que ajudaram Viviane a ficar bem consigo foi voltar pra terapia, fazer novas amizades pelas redes sociais e encontrar outras mulheres que passavam pela mesma situação que ela em uma rede de apoio. “Eu ter encontrado outras mães que estão passando pelo mesmo perrengue que eu e que também passaram pelo dilema de mandar o filho para escola esse ano também tem me ajudado”, diz.
E por mais que seja difícil às vezes, o amor e parceria com as filhas também é uma fonte de energia e carinho que lhe enche de ânimo e torna os dias mais felizes. “A hora de receber elas em casa, todo dia, é uma festa, né? ‘Nossa, mãe, eu tava com saudades’, elas chegam dizendo. Hoje eu falei que quem iria buscar elas depois da escola era o pai, aí fizeram biquinho. Elas gostam do pai pra caramba, mas já ficaram falando ‘ah, mas eu queria ficar com você’”, conta Viviane com um jeitinho bobo de mãe.
Fonte: Roberto Paim | Agência Educa Mais Brasil
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