Salões lotados, música ao vivo, chamamé de raiz, vanerão tradicional, chapéu, bota e muita dança. O ambiente dos clubes de bailão foi extinto desde o início da pandemia no Brasil, em março de 2020, e o panorama atual não oferece a ninguém uma certeza em relação ao fim do distanciamento social provocado pelo coronavírus.

Amâncio Cabrera, tradicional nesses eventos, tem expectativa de esperança, apesar de vários clubes terem fechado. “Eu acredito que não vão acabar essas culturas tradicionais. As pessoas que gostam de dançar estão esperando a volta dos bailes assim que todos forem imunizados. Está muito difícil pra nós músicos depois da pandemia”, desabafa o cantor em depoimento ao MidiaMAIS.

Tem muita gente com saudade do esfrega esfrega e da boa música regional, mas além da saudade, há a necessidade de quem vive disso. “Nós somos os primeiros a torcer para que a cultura do nosso Estado, principalmente no ramo em que atuo, com a música, e bailes, se restabeleça o quanto antes”, declara o cantor Marlon Maciel em entrevista ao Jornal Midiamax.

Marlon Maciel é figura carimbada dos bailões de Campo Grande (Arquivo Pessoal)

 

Já tem mais de um ano que os salões não abrem as portas e o setor precisa se manter de um jeito ou de outro. Seria o fim dos tradicionais bailes de chamamé e vanerão? “Creio que não, porque isso faz parte de nossas raízes e da nossa cultura. Acredito, na verdade, talvez, em algumas mudanças nas formas e locais das nossas apresentações”, diz o músico.

“Quem é amante mesmo de curtir uma apresentação musical, seja ela onde for, está morrendo de saudades. Sou parte desse termômetro porque recebo mensagens constantemente dos amigos e fãs que estão contando as horas para tal”, revela Marlon.

E é verdade, é sim senhor!

Leiziane no meio dos pais (Arquivo pessoal)

 

Leiziane Almeida Coelho, de 23 anos, é jovem mas tem uma longa história com os bailes típicos de Mato Grosso do Sul. Desde muito nova foi acostumada a frequentar as casas de dança mais tradicionais.

Sem bailões para riscar o pé no chão, os sentimentos de Leizi são de saudade e vontade que essa situação acabe de uma vez. “Sinto falta principalmente das festas tradicionais do Clube Taboca, onde acontecia os bailes e a tradicional laçada por três dias consecutivos”, afirma ao Jornal Midiamax.

“Não vejo a hora de reencontrar colegas, amigos… Degustar as comidas típicas que tem nesses eventos, ouvir e dançar bastante para matar as saudades de dançar um vanerão, chamamé…”, conta Leiziane, que tem curtido lives dos músicos regionais durante a quarentena.

Portas fechadas

Em julho de 2018, o Via Park, um dos clubes que mais bombava na Capital, fechou as portas. Bem antes da pandemia. “Até hoje desconheço o real motivo”, diz Marlon sobre o encerramento das atividades no local.

O Clube da Amizade, também dos mais tradicionais, encerrou as atividades em abril de 2020, logo no início da quarentena no ano passado. “Já há algum tempo eu tinha conhecimento que a proprietária tinha intenção de vender a propriedade e com esta crise acabou realmente fechando”, relata Marlon.

Mas quanto a outros salões, ele tem certeza que havendo a possibilidade de realização de bailes e eventos, surgirão novos lugares. “Até porque nosso povo é festeiro, alegre e baileiro. Hoje ainda está paralisado por causa da pandemia, mas temos o Rancho do Tio Léo em Campo Grande, posso citar como um dos exemplos, que tem um espaço maravilhoso para eventos e a turma baileira tem prestigiado muito. É um local certo que poderá ser um ponto novamente de encontros, shows e bailões”, conclui o cantor.