Esperta e destemida: o olhar de Cecília, de 7 anos, sobre a pandemia

Ela diz não ter medo, mas demonstra angústia quando pensa na agulha da vacina e em perder a família

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Perto de figuras como bicho-papão e lobo mau, o que a pandemia do coronavírus pode representar no imaginário das crianças? Tão particular, o olhar infantil sobre a vida costuma ser leve, tranquilo e despreocupado.

É dessa forma que a pequena Cecília Rocha, aos 7 anos, leva a situação vivida pela humanidade. Pelo menos é o que ela garante, enquanto deixa escapar algumas apreensões. Tão nova e esperta, responde tudo na lata, como gente grande: cheia de opiniões formadas, sem papas na língua e enrolação.

Caçula da família, a estudante está no 2º ano do ensino fundamental e vive com a mãe, a tia e dois irmãos mais velhos na capital de Mato Grosso do Sul. Antes de ter a rotina alterada pela pandemia, Cecília conta que brincava com eles, ia para escola e depois para o balé. “Agora eu fico aqui brincando com minhas cachorrinhas. Tenho aula em casa e aula na escola”, relata a menina ao Jornal Midiamax.

Sobre o que mais sente falta da época sem o corona, ela é objetiva: “Do MC Donald’s e do Léo e da Ana”, conta cheia de saudade dos colegas. Se tem algum medo quando pensa na pandemia? “Não, não tenho nenhum… só de morrer e perder vocês”. A apreensão não é em si pelo momento, ou pelo vírus, mas pelo o que estamos sujeitos independente dele: a morte.

Menina impressiona pela esperteza

 

Cecília não é anti-vacina, mas tem pavor só de pensar na agulha. “Queria muito que acabasse a Covid. Que todo mundo fique bem sem precisar de vacina. É agulha, sai sangue!”, explica angustiada. Pelo jeito, as crianças estão tendo um pensamento muito em comum sobre o que a pandemia trouxe de bom em suas vidas. “Nadaaaaaaaa”, respondeu enfática.

Segundo a irmã mais velha, Ingrid, a pequena tem se aventurado auxiliando a mãe e a tia em preparos simples na cozinha. “Ontem ajudei a mamãe a fazer pastel”, completou Cecília.

Máscara, vergonha e anseio

Durante a pandemia, a família mudou de endereço em Campo Grande e a menina acabou indo para uma nova escola. “Tá sendo muito legal, o parquinho é muito legal”, afirma. Se achou algo estranho nos novos hábitos quando tem aulas presenciais, ela garante: “Nem ligo de ter que usar máscara”.

As aulas estão sendo híbridas. Por vezes no espaço físico e por vezes à distância, em casa. “Fico com vergonha de falar com a professora na aula online, até quando vou pra escola”, confessa a garota ao constatar que aprende mais na sala de aula e sente falta da rotina presencial. 

Não são apenas os adultos que estão sentindo os impactos do isolamento, do distanciamento e dos protocolos de segurança e saúde impostos pelo coronavírus. Os pequenos também têm seu olhar, sua forma de encarar as coisas e principalmente de senti-las. Cecília já viu toda a família ser contaminada pelo vírus, exceto a tia.

Diante dessa experiência, a criança ressignifica os momentos de apreensão, absorve aprendizados e segue com a leveza de uma fase sem maiores preocupações. “Quero que acabe logo a pandemia pra poder voltar a ir para a escola todo dia”, declara a menina.

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