O que escondem os discos da mulher que montou seu próprio museu e partiu sabendo que havia feito história? Encontrar e compartilhar a resposta é o objetivo do projeto da jornalista Lilian Veron e do maestro Eduardo Martinelli.
Restaurando a obra musical da figura mais conhecida da família Baís, a dupla trará luz a uma faceta inédita da artista sul-mato-grossense, resguardada em discos pertencentes ao Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS/MS).
Ao Jornal Midiamax, o maestro Eduardo Martinelli afirma que o projeto é continuação de uma experiência que começou há 3 anos, quando um concerto foi montado com as músicas da artista. A intenção era realizar essa continuidade em 2020, em comemoração aos 120 anos de Lídia. No entanto, a pandemia adiou os projetos, retomando agora com a missão de “arrumar as músicas” e torná-las acessíveis ao público.

Em 2018, Martinelli recuperou três canções da artista: “Corriqueira”, “Valsas e Valsinhas” e “Sem identificação”. Agora, ele busca o que ainda existe nos discos gravados por ela em saraus que promovia em sua casa e em outros momentos. Provavelmente, os registros foram feitos em um aparelho que está exposto na Morada dos Baís, onde também se encontra o piano da artista, além de seu violão, violino e partituras — o que comprova que Lídia Baís sempre esteve ligada à música.
Minucioso, o trabalho faz de tudo para que as músicas que Lídia Baís gravou se tornem audíveis. Foi necessário colocá-las na frequência de hertz e velocidade adequadas através de software de manipulação de áudio, chegando assim no ponto exato, ou muito próximo, do que seria o resultado da gravação feita no aparelho antigo, para que então o trabalho de transcrição possa ser realizado.
Todo o material resultante da restauração feita “a ouvido” será transcrito para partituras e áudios, tanto das gravações originais restauradas para se tornarem audíveis, como uma nova versão gravada ao piano por Júlio Figueiredo, pianista e amigo de Lídia.

“Relacionar a vida de Lídia Baís, ou ao menos parte dela à arte da música está trazendo situações bastante inusitadas, como a participação ao piano do músico Júlio Figueredo, que durante a década de 1970, frequentou a casa de Lídia Baís para tocar piano aos domingos em companhia da artista”, conta Martinelli.
“Queremos que as pessoas, ao terem acesso às músicas, possam entender mais a importância dessa mulher que perpassa o tempo com sua arte”, diz a jornalista Lilian Veron, que também encabeça o projeto.