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Jovem que rifou carneiro para comprar computador defende incentivo estudantil para outros estudantes

“Sem incentivo do governo pobre não pesquisa”, lamenta Ricardo
Arquivo -

Estudante de Tabuleiro do Norte, município no interior do Ceará, Ricardo Maurício, 26 anos, anunciou em seu perfil no que sortearia um carneiro para custear a compra de um notebook novo para conseguir continuar estudando. Ele foi aprovado no mestrado na Federal do Ceará, mas seu equipamento antigo queimou, impossibilitando que ele seguisse com as aulas remotas, essenciais para a sua pesquisa.

De família humilde, sendo atualmente o pai o único a possuir um emprego em sua casa, Ricardo sempre contou com auxílio estudantil para seguir com os estudos. Sem bolsa de estudo no mestrado e dinheiro suficiente para custear um novo computador, o caminho encontrado foi pedir ajuda. 

“Sou mais um pobre que tenta crescer através do estudo. Sempre gostei de estudar, meu primeiro notebook ganhei em 2012 da prova do SPAECE, uma avaliação do Governo do Ceará em que os estudantes que obtinham a partir de 80% de acerto em português e matemática ganhavam um notebook”, explica o estudante. 

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Ricardo Maurício passou no mestrado, mas computador queimado dificultava as aulas. FOTO ACERVO PESSOAL

Mesmo possuindo a graduação de Engenharia Civil, onde cursou na UFERSA de Mossoró-RN, ele não conseguiu emprego e está fora do desde 2019. “Me mantinha praticamente com uma bolsa de pesquisa, me formei e desde então não consegui encontrar emprego devido o setor da construção já estar em crise ou não ter o QI (quem indique) atrelado a atual pandemia”, conta Ricardo.

Persistindo em mudar de vida através da educação, Ricardo conquistou mais um sonho: o mestrado. No entanto, a inexistência de auxílio estudantil nesta etapa tem tornado a situação mais desafiadora. “É nessa hora que percebo o quanto o conhecimento tá se tornando cada vez mais elitizado, pobre tá perdendo cada vez mais seu espaço, sem incentivo do governo pobre não pesquisa”, desabafa. 

O anúncio feito no Instagram do Ricardo viralizou, fazendo com o que o dinheiro do notebook fosse arrecadado de maneira rápida. Mas o sorteio – cujas cartelas custam R$ 10 – continua sendo feito até o próximo domingo (06). O dinheiro extra será usado por ele custear outros gastos, como moradia e alimentação. A meta é se dedicar inteiramente à pesquisa. Outras ajudas podem ser feitas por meio do PIX (88) 99945-9704.

 

Incentivos para outros Ricardos na mesma situação

Com a repercussão da postagem, curtida por mais de 14 mil pessoas, Ricardo afirma que não quer a visibilidade apenas para ele, mas também chamar a atenção para a situação que outros estudantes também enfrentam com a falta de incentivo estudantil. O estudante espera que a sua situação conscientize as pessoas a valorizar ainda mais o trabalho dos pesquisadores e as ciências do país, somando na luta por mais investimentos na área. 

“É uma situação que também está acontecendo com meus outros colegas de mestrado. Como não tem bolsa suficiente para todo mundo, muitos estão tendo que ter uma vida dupla, conciliando mestrado com outro trabalho. Isso causa um prejuízo enorme no andamento das pesquisas porque o mestrado era pra ser uma dedicação exclusiva”, explica.

O estudante lamenta a falta de investimento na educação, o que acaba por prejudicar o sonho de muitas pessoas que querem trabalhar com pesquisa e contribuir para o desenvolvimento do país. “Infelizmente estamos vivendo em uma época em que só pesquisa quem realmente ama e quer pesquisar. Só se vê reportagens mostrando que cientistas que querem desenvolver tecnologias de ponta estão tendo que sair do país para terem incentivo no exterior. O governo brasileiro não tem a consciência de que nós somos objeto de transformação da sociedade”, reflete. 

O desejo dele agora é também somar e fazer com que outras pessoas possam contribuir com a valorização da educação e da pesquisa. “Quero quando esse sorteio terminar somente me dedicar aos meus estudos. Meu único intuito é dar voz, somente isso, à educação e à pesquisa. Quero que outras pessoas possam somar e fazer um pouco de diferença para valorização dessa área”.

Fonte: Agência Educa Mais Brasil

 

 

 

 

 

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