Já dizia a mitologia grega que as Olimpíadas foram criadas pelo semideus Hércules por volta de 2.500 a.C, na Grécia Antiga, para homenagear o pai, Zeus. Já a história afirma que os primeiros registros da competição ocorrerem em 776 a.C na cidade grega Olímpia. Independente da sua origem, a Olimpíada é o maior evento esportivo do mundo na atualidade, que reúne países e atletas em uma grande comoção social.

Séculos após a sua criação, quem diria que uma parte da história iria acabar aqui, em Campo Grande. Isso mesmo que você leu, a Cidade Morena, hoje, é lar de uma relíquia para a história da humanidade: um cronógrafo de bolso da marca Omega, produzido especialmente para os primeiros Jogos Olímpicos de Atenas da Era Moderna, em 1896.

Após 125 anos, a peça rara é preservada pelas mãos de Sandro Trindade Benites, médico e colecionador de relógios antigos que mora em Campo Grande. Dentre as centenas de peças que guarda com carinho na sua casa, o cronógrafo é uma das mais especiais. Na hora de expor o relógio, ele informa: “Não diria raro, nem raríssimo, mas apenas único. Isso é muito mais que um relógio de bolso. Isso é um pedaço da própria história”.

Ao jornal Midiamax, ele afirmou que é um cronógrafo usado na primeira Olimpíada de Atenas em 1896, na Grécia. Anunciado no Mercado Livre para expor a peça aos curiosos do Brasil, Sandro diz que ele não está à venda.

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Cronógrafo Omega de 1896, da coleção de Sandro (Foto: Arquivo Pessoal)

Acontece que o cronógrafo chegou até suas mãos após um colecionador europeu desistir do próprio arsenal. Então, Sandro não perdeu a oportunidade e pegou o cronógrafo para si. Depois de tantos anos desde que foi confeccionado, o relógio funciona perfeitamente, bastando dar corda apenas uma vez por mês.

“Tinha uma época que o ser humano elaborava material que era durável. Então, os relógios antigos, até mesmo os usados na Guerra Mundial — que eu tenho alguns — eram feitos com metal de guerra. Eles têm uma durabilidade eterna ou quase eterna, são feitos de aço. São coisas bem-feitas”, explica Sandro.

Características do cronógrafo

Datado do século XIX, o cronógrafo foi atribuído ao Jasen Stychev, o treinador do único atleta búlgaro Charles Champaud Bielorrusso Sharl Shampov. Ele competiu nos primeiros Jogos Olímpicos de Verão de 1896 em Atenas.

“Para os Jogos Olímpicos de 1896 na Grécia, a Omega desenvolveu um raro e único relógio que está aqui, imaculado, para testemunhar essa história. Dial escrito em alfabeto grego que surgiu por 1200 anos, antes de Jesus Cristo, após a Idade das Trevas grega, entre o período da queda dos Micenas e a ascensão da Grécia Antiga, iniciada quando surgiram os épicos de Homero, cerca de 800 anos antes de Cristo e a criação dos Jogos antigos em 776 antes de Cristo. Mudou de forma importante quando foi adaptado do alfabeto fenício com as vogais que deram legitimidade ao grego, tornando-o legível”, explica o descritivo da peça.

Cronógrafo Omega de 1896, da coleção de Sandro (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Cronógrafo Omega de 1896, da coleção de Sandro (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Cronógrafo Omega de 1896, da coleção de Sandro (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Cronógrafo Omega de 1896, da coleção de Sandro (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Apesar de Sandro ter um carinho especial pelo relógio, ele afirma que guarda várias outras peças importantes para a história na sua coleção.

Coleção de relógios

A paixão pelos relógios começou quando ele era jovem, através de um costume passado por gerações. Sandro ganhou a primeira relíquia quando se formou em Medicina, aos 21 anos. O pai deu a ele um relógio de bolso que estava sendo colecionado na família desde o bisavô de Sandro.

Atualmente com aproximadamente 100 relógios preservados em casa, Benites ama a invenção capaz de ‘controlar' o tempo.

“Eu acho incrível essa questão do tempo, eu sempre fui maravilhado com isso. O tempo é algo muito precioso e você conseguir elaborar isso através de relógios, naquela época, eu achei incrível”, disse.

Ele tem relógios de 1800, de 1700, outros que participaram das Guerras Mundiais, dos Jogos Olímpicos e, também um protótipo usado em testes da para a primeira e única viagem à Lua, também da Omega.

“Até hoje, o único objeto a ir para a lua comercializável pelo ser humano são esses relógios Speed Masters. Então, tem vários relógios com várias histórias, seja de astronauta, seja na guerra, nas cronometragens olímpicas. É algo fascinante! E quando eu comecei a coleção, eu não tinha ideia que tinha isso tudo. Foi colecionando e trocando informações que você descobre”, revelou Sandro.

Questionado sobre qual seria o sonho de consumo para compor o acervo, o relógio Maria Antonieta, do relojoeiro Breguet, ganha o primeiro lugar.

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Breguet nº 160 Marie-Antoinette (Foto: Reprodução)

Com valor estimado de R$ 107 milhões, nenhum outro relógio do mundo chegou perto em termos de arte, complexidade e beleza da obra. Porém, Maria Antonieta nunca colocou as mãos no produto acabado, já que ele foi concluído apenas em 1827 — 34 anos após sua morte.

“É uma história linda porque esse relógio desapareceu do mundo, ninguém sabia onde estava Maria Antonieta. Até que em Israel, um senhor relojoeiro foi fazer a manutenção do relógio e, na verdade, esse relógio tinha sido roubado de um museu. E esse senhor foi fazer a manutenção e viu que o relógio estava nas mãos dele. E ele acabou devolvendo”, explica o colecionador.

Hoje, o relógio Maria Antonieta está no museu do Luvre, em Paris.

Confira outros relógios da coleção de Sandro Trindade Benites: 

Primeiro relógio de bolso de Sandro, utilizado em alguma Olimpíada de 1932 a 1936 (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Relógio Omega da década de 30 e 40, utilizado entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial (Foto: Arquivo Pessoal)