Amizade entre ex-namorados dá certo? O que para muitos soa uma ideia absurda, para outros é um processo natural que acontece após o fim de um relacionamento. Independente de qual seja o motivo da separação, é comum encontrar ex-casais que tiveram as vidas cruzadas novamente, só que dessa vez para construir uma relação muito mais madura e duradoura. Neste Dia Internacional da Amizade, ex-namorados de Campo Grande contam como é a relação com amigos que, no passado, já ocuparam outro espaço no coração.

É o caso do Caio Lucca Cação Tognini Ozório, estudante de 22 anos, e a Letícia Andrade Herrera, 21 anos, também estudante. Eles namoraram no período da adolescência, aos 16 e 17 anos, quando o relacionamento acabou em meados de 2017. Após um período turbulento de brigas e desentendimentos, eles acabaram se acostumando com a presença um do outro durante saída com amigos em comum.

Mais velhos e com mais maturidade, eles acabaram firmando uma amizade que carregam até hoje. Além disso, os pais de Letícia – antigos sogros de Caio – são professores universitários do jovem, situação que acabou aproximando ainda mais o ex-casal. 

“Não diria que nós conversamos sempre, mas nos seguimos nas e, de vez em quando, interagimos por lá. E antes da pandemia também era comum nos vermos em rolês, devido ao mesmo grupo de amigos, e a Giovanna [noiva de Caio]  acabou conhecendo e virando amiga dela também”, conta o estudante. 

“É muito interessante ser amiga dele porque me lembra da nossa relação lá no começo, e como nós mudamos e somos pessoas muito diferentes, mas que mesmo assim conseguimos ser amigos e ter um relacionamento saudável, apesar de todos os conflitos que já passamos”, afirma Letícia.

Para eles, o relacionamento que tiveram foi mais um de adolescente do que um amor para casar. Depois de algum tempo, eles conseguem enxergar isso, manter uma amizade e, acima de tudo, colher bons frutos dessa história. 

“É muito bom olhar pro passado e poder rir dele junto da pessoa que já foi sua namorada. Outra parte boa também é poder sair com os amigos em comum sem gerar um clima ruim”, diz Caio. 

Já para Letícia, a amizade entre os dois deu certo porque eles conseguiram separar o que viveram no passado com os dias atuais. E que, mesmo se um namoro chegou ao fim, não quer dizer que ele não foi bom.

“É preciso ter muita maturidade e discernimento do que fica no passado e do que é atual, e entender que a pessoa que você se relacionou amorosamente é diferente da pessoa que você é amiga atualmente. Eu acho fundamental também respeitar os limites da outra pessoa, e ver que só porque um relacionamento terminou, não quer dizer que ele não deu certo, às vezes muito pelo contrário”, afirma a garota. 

Letícia e Caio quando ainda namoravam (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Mas o que a Giovanna, a noiva de Caio, acha dessa relação? A estudante de psicologia contou ao jornal que conheceu a Letícia no Carnaval. Lá, elas se encontraram e começaram a conversar, momento em que descobriram várias coisas em comum e até fizeram a famosa amizade “da fila de banheiro”. Depois disso, começaram a se seguir nas redes sociais e a se encontrarem em outras ocasiões.

“Eu fico feliz que tenha sido um término amigável porque a gente quase não vê isso hoje em dia, acho raro ver gente que se dá bem com ex, que é amigo. Então, eu penso que, no caso deles, foi pra melhor porque eu acredito que a amizade hoje é melhor do que era antes. Eu acho legal, foi bom e no processo eu também ganhei uma amiga”, explica Giovanna. 

Caio e Giovanna estão noivos (Foto: Arquivo Pessoal)

 

De amizade ao amor, do amor à amizade

Você já pensou como seria se casar com um dos seus melhores amigos? Parece até uma história de filme, mas isso aconteceu com a assistente de pós-vendas Gladys Aparecida Oliveira, de 23 anos. Ela conheceu o Felipe na época da escola e começaram a namorar em 2014. Depois, moraram juntos, se casaram e ficaram juntos por cinco anos. Até que, em 2019, eles se divorciaram.

Em um relacionamento que começou pela amizade, nada mais normal do que terminar na amizade também. 

“Hoje é saudável, nós escutamos e respeitamos um ao outro e escutamos com ‘atenção'. Vimos que sempre fomos amigos. Conversamos quando é possível, uma amizade normal. Já fizemos alguns trabalhos juntos, pois ele mexe com fotografia e eu com maquiagem. Eu conheço a namorada dele, ele conhece o meu atual namorado, não chegamos a sair juntos, mas nada impede disso não acontecer”, revela a jovem.

Para ela, a principal característica que mantém a amizade dos dois é o respeito, tanto pela história que tiveram no passado, quanto pelos novos caminhos que hoje eles trilham separadamente. E o mesmo acontece com o atual namorado de Gladys, que entende a amizade entre os ex-namorados e respeita a decisão dos dois. Eles, inclusive, se conheceram e conversaram. 

“Ele é meu amigo de longa data, me conhece e não há julgamentos. É um sentimento genuíno, sem segundas intenções. Sempre torcemos pela felicidade e sucesso do outro. Acho que não tem parte ruim, nós respeitamos um ao outro. Mas todo mundo tem defeitos e caso aconteça de errar um dia, reconhecer o erro e pedir desculpas é fundamental para qualquer relação ser saudável”, afirma a assistente. 

Por motivos pessoais, o Felipe não pôde conversar com a equipe do Jornal Midiamax, porém o sentimento dele em relação à Gladys é o mesmo.

A ciência explica

Construir amizades com ex-namorados(as) não é um bicho de sete cabeças igual muitas pessoas pensam, isso porque se trata de uma pessoa que ocupou um espaço muito importante na vida até então. 

Uma dupla de pesquisadores da de Oakland resolveu estudar os principais motivos que fazem as pessoas manterem amizades com os ex. Para eles, essas são as três principais razões:

  1. Confiabilidade;
  2. Para evitar que as coisas fiquem estranhas entre amigos em comum;
  3. Fim da atração romântica entre os dois.

Viu? Ser amigo de ex é uma relação normal para muitas pessoas. Claro que isso depende muito de como o relacionamento acabou e os motivos que levaram a esse fim. Por isso, vale lembrar que toda relação depende de respeito e cuidado desde o início para que, mesmo quando um ciclo se encerra, um novo e mais bonito tenha a chance de começar.