Essa terça-feira (20) pode ser para muitos, apenas mais um dia da semana, marcando o último terço do mês, ficando cada dia mais próximo de receber o salário. Mas o que muitos esquecem é que a data marca também o aniversário de 52 anos da primeira vez que o homem pisou na Lua, em 1969.

Cinco décadas após o ocorrido, ‘pisar na Lua é coisa do passado, agora a moda é: morar no planeta ao lado’, já recitavam as grandes caixas de som do Furacão 2000 – talvez a frase não seja exatamente essa, mas, ainda assim, cabe no atual contexto. Não é novidade que o próximo passo da humanidade é, não só pisar, mas habitar Marte.

A longa, desconhecida e, porque não, perigosa viagem anima os cientistas, mas é vista com estranheza pelos campo-grandenses e a importante missão de disseminar a ‘cultura do tereré’ no país vizinho terá dificuldade para encontrara colaborardes.

Nossa reportagem foi até as ruas para tirar a ‘pulga de trás da orelha’ e saber se os moradores de Campo Grande deixaram a aconchegante Terra para morar fria e vermelha Marte. O assunto causa divergência entre as pessoas e, por diversos motivos diferentes, a ideia é descartada por alguns e rapidamente acatada por outros.

Mateus Alves de Oliveira, 20 anos, é estudante e nem pensou das vezes antes de responder com um sucinto: sim! Ele comenta que deixaria a Terra sem pensar duas vezes e nem mesmo esperaria a viagem ao planeta vizinho se tornar algo seguro e recorrente.

Mateus Alves de Oliveira diz não ter medo de mudar de planeta. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

“Eu iria agora mesmo, nestes testes que eles já querem fazer nos próximos anos, iria sem pensar muito”, comentou o jovem. Sua irmã, Thalita Alves de Oliveira, 19 anos, ficou um pouco mais pensativa, mas vê com bons olhos a ideia de colonizar outro planeta.

“Na verdade, eu nunca parei para pensar sobre isso, mas acho que iria, ao menos não tenho medo de espaço e esse tipo de coisa”, brincou a também estudante. Embora o casal de irmãos mostre a empolgação com a mínima possibilidade de um dia morar em outro planeta, a maioria não considera a mudança como vantajosa.

Emili Vitória, 16 anos, comenta que não sairia da Terra, muito pelo medo de enfrentar o espaço, “vai que o foguete explode, se perde ou acontece alguma coisa”, brinca a adolescente. Sua amiga, Maria Clara, de também 16 anos, acha pouco provável que algum campo-grandense chegue até Marte “pelo menos nos próximos anos”, mas tratado a possibilidade como real diz que não seria ela.

“Eu acho que não ia querer mudar de planeta não, estamos bem aqui, tudo bem algumas pessoas terem essa vontade, mas eu tenho um pouco de medo. Eu iria para o espaço, tenho vontade de ver a terra de longe, mas Marte? Acho que não”.

Se para alguns, o medo é um empecilho, já outros encontram na religião motivos que os impeçam e até mesmo condenem a viagem interplanetária. Gilsara Elana, 57 anos, trabalha como autônoma e pensa que ir para outro planeta vai além da coragem ou não do homem, mas deve ser vista como uma afronta contra a religião.

Gilsara Elana não acha a ideia de colonizar outro planeta correta. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

Sem condenar os que pensam diferente, Gilsara alega que a Terra é um lar oferecido por Deus e por conta disso não existe a necessidade de procurar outros planetas. “Eu penso assim, na palavra de Deus não tem lugar nenhum que diga para irmos para Marte”, explica.

Terra plana

Se a viagem interplanetária causa discussão, o terraplanismo gera opiniões ainda mais fortes. Contrariando o ensinado ao longo dos anos na rede de ensino, do fundamental ao médio, a tese de que vivemos em um planeta plano ganhou notoriedade nos últimos anos.

Para Mateus Alves, o mesmo que iria para Marte sem pensar duas vezes, a teoria deve ser resumida em apenas uma palavra: loucura. “Não existe né, Terra Plana é uma loucura, pura ignorância do ser humano”. Sem dizer muito, sua irmã Thalita concorda com afirmação, “Nem tem como”, brinca.

As adolescentes Emili e Maria admitem que o assunto causa dúvidas, “olhando aqui parece plana né”, caçoaram. “Mas a ideia de sair nadando até chegar no ‘fim’ ou cair no espaço é um pouco estranha”, disse Emili.