Na cultura sul-mato-grossense, o rock’n and roll tem grande espaço, apesar da fama sertaneja predominar sobre o Estado. São muitas bandas talentosas de sucesso, por vezes mais reconhecidas fora de MS do que na própria terra de origem.

Nesta terça-feira (13), os rockeiros celebram o Dia Mundial do Rock, marcado pelo segundo ano da pandemia do coronavírus, que “esfriou” o cenário musical em Campo Grande e em todo o Estado.

Já afetadas pela lei dos decibéis, que “proíbe perturbar o sossego e o bem-estar público com ruídos, vibrações, sons excessivos ou incômodos de qualquer natureza, produzidos por qualquer forma, que contrariem os níveis máximos de intensidade”, as bandas de rock sul-mato-grossenses foram perdendo seus locais de apresentação.

Primeiro, a lei dos decibéis provocou o fechamento de casas noturnas, situação agravada pela pandemia, que também fechou as portas de vários espaços culturais na Capital.

Qual a perspectiva do rock na cidade?

Diante desse panorama, um tanto desolador, Kenzo Minata, produtor cultural e idealizador e proprietário da Brava, plataforma para eventos, lamenta a situação para a música em MS, especialmente para o rock em Campo Grande.

Também proprietário do espaço cultural Resista, Kenzo viu a empresa ser fechada pela lei dos decibéis em 2019. Com a pandemia, também foi obrigado a interromper as atividades da Brava. O Resista era um local de resistência cultural voltado para a produção do cenário musical e artístico que não tem espaço no Estado, priorizando sempre artistas locais e trabalhos autorais.

 
 
 
 
 
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“Quando abrimos o Resista em 2017, contabilizamos na época mais de 50 bandas em MS que não participavam do circuito de bares aqui. O que falta são espaços culturais e casas dispostas a abrir espaço para bandas com música autoral. Nossa cidade comete o erro em não valorizar os músicos que produzem e tocam músicas próprias, a galera ainda prefere cover de música que eles conhecem, do que músicas novas”, disse Kenzo ao Jornal Midiamax.

Para o produtor cultural, “falta claramente do Estado um apoio real e prático pra que nossos músicos tenham espaços pra demonstrar seus trabalhos. Campo Grande tem bandas incríveis que a maioria não conhece, simplesmente porque elas não têm local para tocar”, afirma Minata.

 
 
 
 
 
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Segundo Kenzo, as bandas têm se mostrado cada vez mais ligadas na divulgação. As plataformas de streaming tornaram tudo isso mais acessível: a produção e gravação também, com estúdios surgindo cada vez mais. “A era digital permite que a veiculação de tudo tenha um alcance bem maior. Falta ainda uma profissionalização na maioria das bandas, na hora de criar a identidade visual, na hora de planejar as formas de divulgação do som, de contactar casas de show e na participação de editais públicos. Mas nunca se teve tanto material independente ao nosso alcance”, relata.

 
 
 
 
 
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Vocalista de três bandas, sendo duas delas de rock sul-mato-grossense, o músico Joaquim Seabra também vê um cenário mais positivo para as releituras de grandes sucessos. “Para o cover, a situação está melhorando aos poucos, acho que no último trimestre do ano, teremos mais trabalho. Para o autoral, não arrisco fazer uma previsão”.

Quanto à divulgação e estratégias para alcançar novas gerações, Joaquim, que é vocalista das bandas JS Orchestra, Astronauta Elvis e Impossíveis, afirma: “No meu caso, é trabalhar para conseguir gravar e disponibilizar nas plataformas digitais”.

Algumas casas de apresentação já voltaram a funcionar com o recuo da pandemia. Entre elas estão: Capim Guiné, Blues, Canalhas e Clan Bier, dando certo alívio para as bandas, não só de rock, mas de todos os gêneros musicais.

 
 
 
 
 
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De forma geral

Campo Grande tem grupos de blues, jazz, punk, grind, metal, hardcore, rap, ska e reggae que são conhecidas nacionalmente, às vezes, muito mais valorizadas fora de Mato Grosso do Sul, afirma o produtor Kenzo Minata.

Para ele, isso é “reflexo da nossa cultura de gado, da nossa cultura de pagar pau para outros estados, quando temos a nossa cultura linda aqui, com identidade e qualidade pra levarmos ao mundo todo. Precisamos valorizar mais a nossa cultura e os nossos artistas”, finaliza.