O brasileiro precisou rever alguns hábitos diante da necessidade de passar mais tempo em casa durante o isolamento social, por conta da do novo coronavírus. Dentre as mudanças de comportamento, a leitura ganhou espaço na vida das pessoas. Na contramão desta notícia positiva, os livros poderão ficar mais caros e, consequentemente, inacessíveis para muitos cidadãos.

Em março deste ano, foi vendido 1 milhão a mais de livros do que no mesmo mês do ano passado, conforme dados do Painel do de Livros no Brasil. A professora baiana Joelma Queiroz, que já se considerava leitora antes da pandemia, aproveitou o isolamento para se aproximar dos livros de uma forma ainda mais íntima: começou a escrever suas próprias obras literárias.  

No ano passado, ela lançou seu primeiro Cadê minha gatinha?, que aborda a temática do luto para crianças de forma leve e poética. Mais duas obras literárias voltadas para o público infanto-juvenil nasceram na pandemia: Dudu e o espelho da Bisa e O Renascer da Floresta. “O que mais me motiva a escrever é saber que posso contribuir para a formação de seres humanos sensíveis, mais empáticos e que saibam respeitar as diferenças”.

A educadora, que tem um canal no YouTube para se aproximar dos alunos e compartilhar os benefícios da leitura, acredita que o hábito de ler é uma grande fonte de aprendizagem, capaz de mudar a visão de mundo de quem o faz, bem como de ampliar o vocabulário, auxiliar na compreensão de si mesmo – uma vez que há identificação do leitor com o personagem e com a história – e, ainda, contribuir para o desenvolvimento cognitivo e emocional.

Com tantos benefícios, como os citados acima pela professora, a leitura ainda não é acessível a todos os cidadãos e pode encontrar nova barreira. Neste mês, uma discussão virou polêmica acerca da taxação dos livros, após a Receita Federal defender, em documento, “que os livros poderiam perder a isenção tributária porque são mais consumidos por famílias com renda superior a 10 salários-mínimos”. 

De acordo com a Receita Federal, a venda de livros pode começar a ser tributada em 12%, valor da alíquota sugerida pelo governo para a Contribuição de Bens e Serviços (CBS), o que implica em encarecimento nos seus preços. 

Para defensores da democratização da leitura, como a professora e escritora Joelma, a taxação literária poderá dificultar o trabalho de escritores, das editoras e, assim, reduzir a produção e distribuição de livros. Na outra ponta, a tributação compromete o acesso dos brasileiros ao conhecimento e à cultura. “Acredito que a leitura é um grande instrumento para a educação. A vida de quem lê é modificada, e para melhor. Existem, cada vez mais, livros abordando cidadania, o respeito às diferenças e ao meio ambiente. Por isso, o ideal é que as pessoas tenham mais acesso aos livros, e não o contrário”, defende a educadora.

 

Fonte: Agência Educa Mais Brasil