Todo mundo sabe que a atrapalhou a vida de todo mundo em vários sentidos. E um dos principais setores de que sofreu com mudanças tão repentinas foi o artístico, especialmente o teatro. Com peças presenciais suspensas, as luzes dos palcos estão apagadas há mais de um ano. Assim, atores e companhias de teatro precisaram se reinventar para sobreviver à pandemia.

Fernando Lopes Lima viveu um grande desafio em 2020. Ele tinha acabado de montar seu próprio grupo de teatro, a Cia Teatro do Mundo, quando a crise começou. Desesperado para manter os trabalhos em dia, teve que migrar para o digital e criar projetos que nem pensava que poderia fazer.

Foi então que o artista inventou uma série de bate-papos online com amigos de teatro espalhados pelo país. Assim nasceu a série “Teatro Brasileiro – Fora do Eixo”, que realizou mais de 100 lives em 2020 e 2021.

“Esses encontros, estudos e pesquisas, me fortaleceram, me ajudaram a pensar caminhos possíveis de criação. Em Campo Grande, os teatros foram fechados bem antes da pandemia, estamos acostumados a transformar qualquer espaço em espaço cênico. Em tempos de crise, somos os primeiros prejudicados e, apesar disso, unimos forças para prosseguir contribuindo com a melhoria do mundo e resistindo”, disse Fernando ao Midiamax.

A Cia Teatro do Mundo também apresentou uma série de espetáculos para no Drive-in do Shopping Bosque do Ipês, leituras dramatizadas via vídeo conferência, pod-casts semanais e oficinas. Além disso, contribuiu com espetáculos e grupos de outras cidades: “Rosa e Margarida”, “Outros Dois”, “Pod-Cast sobre a vida da Glauce Rocha” e “Do Bem Amado”. Atualmente, Lopes está produzindo um documentário sobre os artistas de teatro de Campo Grande.

Apesar de ter conseguido manter a magia do teatro viva ao longo desse tempo, o artista afirma que a transição do presencial para o digital não é fácil. “O teatro é a arte da aglomeração, o teatro existe entre o público e o artista. Eu sou um artista de teatro, mas a necessidade me obrigou a transpor o teatro de um ambiente a outro”, comenta o ator, que está na expectativa de voltar aos espetáculos no próximo ano. “Estamos com saudade do público”.

Um novo caminho

E não é só o Fernando que sente saudade de ouvir os aplausos de cima do palco. O ator André Tristão, de 32 anos, também não vê a hora de voltar a fazer teatro. Ele é brincante de teatro da Casa de Ensaio, faz parte do Teatral Grupo de Risco e também coordena o núcleo experimental da UFMS.

Para ele, a principal diferença entre o presencial e o online, é que não tem como fazer teatro distante das pessoas. Na Internet, tudo é muito limitante.

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André Tristão (Foto: Divulgação)

“Apesar de trabalhar a linguagem e os conceitos, o teatro é ali, na hora, é vivo, real e ao vivo. Tem muito contato, é suor, respiração, transpiração, você se conecta com o outro fisicamente também. Como fazer isso sem encostar um no outro?”, questiona André.

Foi então que ele decidiu fazer algumas adaptações. No grupo de teatro, passou a executar projetos e fez algumas apresentações presenciais seguindo todas as medidas de proteção, como distanciamento social e uso máscara.

Ele também precisou mudar um pouco suas aulas de teatro. Antes com mais de 30 alunos, André permitiu apenas a presença de 9 e todos em dia com as medidas de proteção. “Passado um ano e pouco da pandemia, a gente consegue entender um pouco como lidar com as situações”, recorda.

Além disso, ator descobriu um novo caminho enquanto não consegue trabalhar com o teatro: o audiovisual. Aprovado na Lei Aldir Blanc, ele misturou teatro, dança, e audiovisual. Confira: