Quem passou pela na tarde do sábado (14) não conseguiu ignorar cerca de 30 pessoas com roupas “diferentonas” jogando um esporte pouco popular em , o futebol americano. Mesmo incomum nos lados de cá dos trópicos, o esporte é paixão do grupo, que montou até um time próprio, o Campo Grande Cowboys, que existe desde o ano passado.

O grupo tinha hábito de se reunir semanalmente para treinar, mas a pandemia acabou afetando a rotina, finalmente retomada no sábado. O objetivo é mais que desenvolver habilidades, ocupar o sábado ou simples prática esportiva: o Campo Grande Cowboys está se preparando para o campeonato estadual e o brasileiro no ano que vem.

O grupo é diverso. Tem adolescente e quarentões, magrinhos e pesos-pesados. Isso porque, segundo eles, cada posição na disputa tem um perfil diferenciado: de forma geral os mais robustos fazem ataques e defesa. Os mais magros, são mais ágeis em campo e marcam pontos.

No canteiro central da Duque, grupo treina para marcar 'touchdown' em campeonato de Futebol Americano
Foto: França | Midiamax

Como funciona?

“Futebol Americano em Campo Grande existe desde 2008, mas os vão acabando. Ativo, no momento, só o Campo Grande Cowboys”, explica Victor Zane, 27, microempreendedor e diretor/técnico do time. Com 95 kg, ele comanda o grupo e até explica à reportagem como funciona uma partida.

No canteiro central da Duque, grupo treina para marcar 'touchdown' em campeonato de Futebol Americano
Foto: Leonardo França | Midiamax

“O treinamento é divido em três fase, parte física, técnica e a tática. As duas primeiras, somadas, duram três horas de treino. Já a tática representa poucos minutos no final. Estamos focando na técnica, por enquanto, pois o campeonato ainda está longe”, detalha o técnico.

Victor explica que foco do jogo é ganhar território sobre o time adversário. Cada time é dividido em 11 jogadores, entre ataque, defesa e especialistas. “Objetivo é chegar na parte final do campo, a ‘end zone', e gerar um ‘touchdown', quando você atravessa a distância de 100 jardas com a bola e chega com ela até a ‘end zona'”, explica.

A duração do jogo é de quatro tempos de 15 minutos. Cada equipe tem três tentativas para avançar 10 jardas. Se isso não acontecer, o time perde a posse da bola. “É aí que entra o especialista, que tem que chutar a bola para o mais longe possível, a fim de dificultar o progresso do adversário”.

Cenário competitivo

A motivação dos jogadores que treinaram na Duque de Caixas é mais que desenvolver habilidades. Eles têm e esperança de ter um cenário competitivo Em MS. E esse objetivo conseguiu arrebatar de titulares a reservas na prática diferentona.

No canteiro central da Duque, grupo treina para marcar 'touchdown' em campeonato de Futebol Americano
Foto: Leonardo França | Midiamax

“Queria um esporte que fosse diferente do futebol do fim de semana, principalmente pela intensidade”, detalha o estudante Luiz Fernando, de 14 anos, o mais jovem em campo. Com apenas 54 kg, seu corpo contrasta com os demais. Todavia, o peso é o adequado para a sua posição na disputa: wide receiver.

“Não estava me sentindo bem praticando outros esportes e eu já gostava do futebol americano. Não importa se os outros são maiores, vim para mostrar que eu sou capaz. Sou bom e tenho habilidade. Sou ágil e rápido e esse esporte não me discriminar por ser magro”, destaca.

No outro extremo está o analista de sistemas Fernando Sanches, de 42 anos, o “right tackle” do time, com 110 kg. “Hoje é meu primeiro dia, mas já joguei há uns quatro anos, quando morava em Brasília. Sempre fui esportista, mas gostei do futebol americano pelo contato do treino. É um esporte para extravasar”, explica.

Sanches afirma que o impacto e a possibilidade de lesões numa partida não o assustam. “Não tenho medo de me machucar. A gente treina de equipamento e com todo o aparato. Esse esporte, diferente do futebol, tem esse impacto, é normal”, conclui.