Mais do que uma celebração em homenagem aos três Reis Magos, a data tem um significado de vida para a família Benites, de origem ‘brasiguaia'. Desde 1904, quando Benito Benites, o patriarca, fez uma promessa a Gaspar, Belchior e Baltazar, para sair vivo da Guerra do Paraguai, o “Dia de Santo Reis” atravessou gerações e passou a fazer parte da história de .

Com a benção recebida, a graça rompeu o simples desejo pessoal de continuar vivo e foi incorporada definitivamente no coração e na memória de cada pessoa que faz parte dessa família. Como retribuição, Benito profetizou que a Folia de Reis em Dourados seria para a vida toda.

Benito faleceu ao 106 anos, mas deixou um legado de fé e tradição para os descendentes. O compromisso de realização da festa foi passado como para os filhos Natalino, Froilan e Margarida Benites, que por muitos anos realizaram a Festa de Reis.

Os filhos já não existem mais, mas acabaram repassando a herança aos netos,  bisnetos e tataranetos que continuam com a missão de não deixarem a festa acabar. “Esse é um tesouro de valor incalculável e que não pode ser vendido”, revela Jane Benites, filha da atual matriarca da “Folia de Reis Estrela do Oriente”, Eunice Benites.

Antes de rezar o Pai Nosso e a Ave Maria, Dona Eunice pede um silêncio geral e clama pelas bênçãos de Gaspar, Belchior e Baltazar. “Divinos Reis, rogai pela nossa família e por toda a população de nossa cidade. Estamos todos precisando do vosso amor”, diz a matriarca.

Dona Eunice mais uma vez abriu as portas de sua casa simples para homenagear os Reis que reverenciaram Jesus. Na procissão da Bandeira do Divino, a alegria contagia os moradores que acompanham o evento com olhos de alegria  e encantamento. “Passei a  minha vida toda acompanhando essa linda história”, diz Lucia Benites, a quem coube a honra de conduzir o estandarte este ano.