Palavra ainda desconhecida por muitos, a paternagem é muito mais que dar o DNA para o filho e tem relação com o afetivo e emocional. A paternagem nada tem a ver com a masculinidade e, muitas vezes, transforma o pai coruja na figura do paizão contemporâneo.

Na família Fenero, a tradicional “comidinha da vovó”, que desperta na maioria das crianças o paladar afetivo, é especialidade do papai Fernando. Apaixonado pela , no maior estilo Rodrigo Hilbert, o começou a cozinhar ainda na adolescência e, agora casado e pai de primeira viagem, a pequena Estella é quem leva a melhor dentro de casa.

Mundo desconhecido para o pai cozinheiro, Fernando se interessou pela alimentação infantil quando a esposa ainda estava grávida.

“Já corria atrás de aprender a fazer papinha, fui assistindo vídeos, tutoriais, conversando com médicos e outras mães pra aprender os métodos.”

Estella fez a introdução alimentar a partir do sexto mês porque os pais preferiram seguir a recomendação do aleitamento materno exclusivo. Fernando explica que as primeiras papinhas foram as frutas, mas ela não gostou muito. A saída foi tentar um rodízio de frutas, mas a pequena continuava torcendo o nariz.

“Parti para o salgado, peguei o cardápio com a pediatra e comecei com tubérculos, raízes, legumes, experimentando até entender o que ela gosta, sempre buscando usar orgânicos e tudo fresco.”

O pai faz todo tipo de papinha para a bebê, desde deliciosas sopas até verdadeiros banquetes com carne de panela e batata. Tudo, claro, devidamente acompanhado pela pediatra da criança. As receitas da “fábrica de papinhas” do papai fazem tanto sucesso que chegam a despertar a até dos marmanjos nas redes sociais.

“Acho muito importante o nosso momento da alimentação. Primeiro que me permite ser mais ativo no desenvolvimento e educação dela, segundo que deixa menos injusto a divisão com a , que normalmente fica com tudo da criança para resolver. Eu inclusive tenho pena dos pais que não se envolvem, porque estão perdendo muito ao evitar essa proximidade.”

Mas o exemplo de paternagem do servidor público não vem de casa. Filho de uma geração anterior, Fernando ressalta que seu pai não se arriscava tanto, nunca fez papinha, e esse trabalho era exclusivo da sua mãe.

“Eu decidi fazer diferente, acho que só ficar no discurso de não ser machista é muito pouco, então quando assumo as tarefas e cuidados com minha filha e a nossa casa, é uma maneira de botar em prática isso. De tornar o ambiente doméstico mais leve, dividindo as obrigações.”

Fenero é enfático quando o assunto é o paladar afetivo. Ele garante que os pais que assumem essa função são realmente mais felizes e deixam marcas inesquecíveis nos filhos.

“Acho que ajuda no desenvolvimento sim, eu sempre tento fazer da alimentação dela um momento prático, feliz e amoroso, estreitando ainda mais nossos laços.”