“Somente a educação tem o poder de transformar vidas”. A velha máxima é compartilhada de forma unânime por aqueles que sonham em formar pessoas e se dedicam à arte de ensinar cidadãos. Luana Benites Guimarães da Rocha e Roberta Marisa Abrili Barconi são separadas pela diferença de 20 anos mas, apesar de terem nascido em séculos diferentes, possuem um legado em comum. As duas são convictas que nasceram para lecionar e fazer a diferença na história dos futuros alunos.

Luana foi uma criança que aprendeu, ainda na infância, que o mundo pode ser amargo. Mais velha em uma família de 3 irmãs, as meninas foram criadas pela bisavó e se viram obrigadas a compartilharem a mesma casa com os pais ausentes, em 2009, quando a mãe de criação morreu.

Aos 20 ou 40: Futuras professoras provam que não existe idade para realizar sonhos

Foi nesta fase, segundo a acadêmica, que desabrochou o amor pelo cuidado com o próximo. Cerca de 5 anos depois de ter ido morar com os genitores, a garota decidiu denunciar o pai que tinha problema com alcoolismo e agredia a esposa. Sozinha, formada no ensino médio e com a guarda da irmã mais nova, Luana sentiu que tinha nascido para doutrinar crianças.

“Na época, consegui uma bolsa para cursar pedagogia na Anhanguera e já de cara me apaixonei pelo curso. É uma responsabilidade muito grande porque o futuro está ali. Não me vejo fazendo outra coisa, sei que tenho um propósito de olhar pelas crianças com esse olhar pedagógico.”

É na graduação escolhida por Luana que milhões de histórias se cruzam. A recém saída da adolescência atada com o peso das responsabilidades nas costas foram o pontapé para que a jovem se matriculasse no ensino superior, mas muita gente afirma que a vida começa depois dos 40. Foi em fevereiro, de 2017, que a dona de casa Roberta Marisa Abrili Barconi viu a oportunidade de cursar pedagogia e dar o primeiro passo para realizar o sonho de se tornar professora. Com os 3 filhos criados e anos longe da escola, a moradora de decidiu que era a hora de lecionar para também fazer a diferença.

A paixão pela arte de ensinar surgiu quando os filhos de Roberta, hoje com 21, 20 e 15 anos, ainda eram pequenos. Além de incentivar os estudos em casa, a moradora do bairro Universitário passava o tempo livre explicando para as crianças o quanto a educação é importante para a formação de um ser humano bem-sucedido.

Aos 20 ou 40: Futuras professoras provam que não existe idade para realizar sonhos

“Também fazia papel de professora para meus filhos em casa, isso foi uma coisa que nunca deleguei para ninguém. Eu sentia prazer e sempre disse pros meus filhos que da porta pra dentro do colégio é autoridade e tem que respeitar. Não importa se é ou diretora, colégio é um lugar de aprendizado, não de lazer.”

Ser pedagoga, para a acadêmica, é muito mais que uma profissão. Roberta acredita que os educadores têm o poder da transformação. O primeiro incentivador foi o marido, Junior Barconi, que insistiu para que ela fizesse o curso superior, já que “tinha nascido para ser professora”.

Aprovada em 1º lugar para cursar pedagogia na mesma que Luana, Roberta iniciou sua trajetória universitária na chamada “idade da loba”. Independente de ser uma das mais velhas da turma, a aluna garante que todos na sala de aula são unidos por um bem maior e, por este motivo, não existem preconceitos em relação à idade.

“É uma chance que temos de fazer algo pela sociedade. O professor muda a forma como as pessoas observam o mundo. Sem educação as coisas ficam estagnadas, quem não recebe conhecimento acaba ficando parado no tempo.”

Ao mestre, com carinho

Nesta terça-feira (15) é comemorado o Dia do Professor, profissão destinada a formar todas as profissões. A maioria das pessoas teve a infância marcada por um docente preferido durante o período escolar. Ainda na opinião de Roberta, ninguém escolhe ser educador por acaso e, mesmo com o passar do tempo, não tem como fugir do chamado. “Nunca é tarde para correr atrás dos sonhos”, afirma.

Já Luana, que não teve o exemplo da mãe, conta que foi a primeira professora, chamada Iara, que marcou sua história. “Lembro que eu era pequena, ela falava muito para eu estudar e que eu era incrível. São simples frases que mudam destino de crianças. Eu não tinha estrutura e podia me tornar qualquer tipo de pessoa. Existem pessoas que não tem toque de mãe como eu não tinha.”

Hoje com 22 anos e na metade do curso, a jovem sabe bem o que quer para carreira profissional. “Atualmente trabalho como auxiliar de coordenação, mas quando eu me formar quero atuar em educação infantil. Tudo começa no chão da escola. Através dos cuidados com os outros foi onde eu descobri meu talento e por onde eu devo andar.”

Roberta está mais perto de alcançar o canudo. Com previsão de formatura para o ano que vem, a estudante planeja lecionar no EJA (Educação de Jovens e Adultos).

“Pretendo ser na vida dos meus futuros alunos o que meus foram para mim. Tem educadores que colocam barreiras como o fato de não serem valorizados. Acredito que temos que fazer tudo com amor e dedicação, não importa os problemas que apareçam no caminho.”