Muitas pessoas vivem tentando a sorte nas promoções de supermercados, lojas e até na mega-sena. Há 7 anos, Ademir Almeida Fidélis organiza um bolão com 100 cotas que participa, todos os anos, da Mega-sena da virada, Dupla sena da Páscoa, Quina de São João e Lotofácil da Independência. Paralela às tentativas de ser o novo milionário do Estado, o funcionário público também é conhecido como “caça-promoções”, por participar de todos os concursos que tem acesso em .

Com um pouco de estratégia e muita insistência, o apostador já teve a felicidade de abocanhar inúmeros prêmios. A última conquista foi na segunda-feira (24), quando o grupo organizado por Ademir levou o prêmio de R$ 1,1 milhão na Quina de São João. Como ninguém acertou os 5 números, as apostas do grupo acertaram quadras e ternos e levaram o montante, que acabou dividido entre os 99 participantes e 1 cota social do bolão destinada para caridade. Cada integrante recebeu um pouco mais de R$ 11 mil do prêmio.

O funcionário público, de 41 anos, é especialista em apostas e promoções. Um aplicativo instalado no celular avisa Ademir sobre concursos abertos por marcas, supermercados e estabelecimentos em geral. O apostador explica que procura comprar itens que estão com algum tipo de oferta e participa de dezenas de promoções paralelamente.

“As pessoas não têm paciência de comprar produtos, juntar ou preencher cupons. As vezes vou ao supermercado e volto com itens que minha esposa não conhece a marca, mas eu levo só porque concorre a alguma coisa”, brinca.

Quando o edital obriga compra em grande quantidade de produtos perecíveis, Ademir aproveita para fazer o bem. “Já teve casos de eu comprar vários alimentos com prazo de validade curto só para participar e acabei doando para quem precisa.”

Persistente

Taxado como sortudo, o segredo do sucesso de Ademir é a persistência. Prova disso foram os ajustes necessários para que o grupo apostador da loteria ficasse completo. A ideia nasceu em 2012 quando ele começou a pesquisar sobre a Mega-Sena da Virada no site da Caixa Econômica Federal.

“Achei que só podia apostar 6 números. Sempre fiz bolão no trabalho, mas quando descobri que podia jogar até 15 números eu resolvi mudar de estratégia”, pontua.

A intenção era reunir 100 pessoas que contribuíssem com R$ 100 para um bolão significativo da . Segundo o funcionário público, a conta foi bem simples: com 1 cartela de 6 números ele teria a chance de ganho de 1 em 50 milhões. Já para uma aposta com 15 números, a possibilidade aumentaria para 1 em 10.000.

O desafio seguinte seria achar a quantidade exata de participantes. “Procurei meu melhor amigo na época para contar sobre o projeto e ele meio que menosprezou a ideia, mas eu conhecia bastante gente e tinha credibilidade, então não desisti.”

Com a ajuda das redes sociais, Ademir divulgou o plano e conseguiu reunir os apostadores em 15 dias. Na época, a aposta no valor de R$ 10 mil virou manchete nos noticiários nacionais, mas pouco tempo depois se tornou chacota com a divulgação do resultado.

“Mesmo com o valor do jogo, só acertamos 2 números. Recebi muitos comentários desanimadores, mas continuei ano após ano. Com o passar do tempo, foi entrando e saindo gente, mas sempre fechei a aposta em 100 cotas. Também fui incluindo outras loterias, sempre as de sorteios maiores.”

Na Mega da Virada de 2017, o grupo acertou a quadra e levou R$ 23 mil, totalizando 230 reais para cada apostador. O pagamento é feito anual e todos os jogos são administrados pelo próprio “caça-promoções” com prestações de contas.

Depois do valor milionário, o objetivo é levar sozinho algum prêmio expressivo como um carro ou uma casa. No entanto, o jogador ressalta que, como tudo na vida, as apostas precisam ter limites. “O problema é a ganância, quando se quer sempre mais e isso pode trazer más consequências. Muitas vezes as pessoas procuram muito, mas conseguiriam se satisfazer com menos.”