Os paroquianos da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro têm mais a comemorar do que somente a data em homenagem à padroeira do Estado, que acontece nesta quarta-feira (27). O processo de tombamento como patrimônio histórico do Santuário está em fase de finalização, o que é um reconhecimento também à arquitetura do prédio.
Entretanto ainda faltam alguns trâmites a serem realizados. De acordo com informações enviadas pela Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), o “Conselho Municipal de Políticas Culturais aprovou por unanimidade de votos o Relatório da Conselheira Joelma Fernandes Arguelho acerca do Tombamento do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”. O ato foi realizado durante a sua 178ª Sessão, realizada em 2 de maio deste ano.
Ainda conforme nota enviada ao MidiaMAIS, a minuta do Edital de Tombamento ainda está em fase de elaboração para seja publicada no Diogrande (Diário Oficial do Município). Em seguida, o proprietário do prédio, a 26ª Promotoria de Justiça de Campo e o subscritor do requerimento de abertura do processo deverão ser notificados. Após esta notificação, há o “prazo de 30 dias, contados da ciência da decisão, para interporem recurso para apreciação em segunda instância”.
Só então que o processo será “encaminhado ao Prefeito Municipal que deverá proferir a decisão final sobre o tombamento”, também num prazo de 30 dias.
O MidiaMAIS conversou com o Padre Dirson, reitor do Santuário, e disse que ainda não recebeu a notificação. “Não fui notificado, mas não tenho uma posição muito definida”, disse ele. Na prática não vai afetar a paróquia, mas vai impedir qualquer reforma, pois a construção original deve ser mantida. Por outro lado, o padre acredita que seja uma medida benéfica, pois visa a preservação da história.
Arquitetura do Santuário

O arquiteto e pesquisador Rubens Moraes da Costa Marques, autor do livro Trilogia do Patrimônio Histórico e Sociocultural Sul-mato-grossense ficou contente em saber que finalmente o processo está sendo finalizado, pois se estende por cerca de 4 anos.
Sobre a construção, Rubens explicou que foi utilizado revestimento com pó de mica, um dos componentes do granito, o que oferece um brilho específico, principalmente à noite, sob iluminação.
“Nas décadas de 30 e 40, muitos prédios em Campo Grande eram assim, mas hoje não tem nem uma dezena mais”, explica, o que demonstra o quão rara é a edificação. A igreja foi construída pelos padres da Congregação do Santíssimo Redentor, chamados missionários redentoristas, tendo como inspiração a Basílica de Santo Apolinário em Classe, localizada em Ravena, na Itália.
Os redentoristas, vindos de Baltimore, nos Estados Unidos, construíram uma série complexos em outros municípios do Estado que, a exemplo do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, compõe a igreja, a casa paroquial e uma escola. No caso de Campo Grande, a casa paroquial transformou-se na arquidiocese e a escola, no IESF. Miranda, Aquidauana, Bela Vista, Ponta Porã e Porto Murtinho são algumas das cidades onde os redentoristas construíram tais complexos.

Segundo Rubens, os traços são do estilo eclético, “por causa da época, se inspiraram em igrejas do passado, lembra as construções renascentistas”, detalha. Ainda, para o piso externo da igreja, foram utilizadas placas de arenito, vindas da Serra de Maracaju, próximo a Aquidauana. As mesmas pedras foram utilizadas para nas quinas e cunhais da estrutura, como acabamento. A pedra fundamental é uma delas.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é mais um título conferido a Maria, mãe de Jesus. Segundo o padre Dirson, diferentemente de Nossa Senhora de Fátima ou Nossa Senhora Aparecida, que foram avistadas, não é uma imagem, mas um ícone, ou seja, uma pintura.
“O artista pintou esse quadro querendo retratar Maria segurando seu Filho”, explica. Segundo ele, a obra foi levada a Roma e em 1866 o Papa Pio IX pediu para os redentoristas divulgarem o ícone no mundo inteiro. A adoração nasceu durante a peregrinação e vem até os dias de hoje.

“O ícone tem devoção em todos os lugares, há grandes santuários dedicados a ela”, prossegue, mas o que torna a Igreja erigida em Campo Grande mais especial é o fato de ser o local que atrai mais pessoas a uma novena em um só dia em todo o mundo. Em 18 sessões de orações, a Igreja recebe até 25 mil pessoas às quartas-feiras.
Um dos pontos altos das novenas é a leitura das cartas de agradecimento enviadas por fiéis relatando como foram ajudados. “Temos um arquivo com centenas de cartas. São agradecimentos de bênçãos recebidas em relação à saúde, emprego, família …”, conta o padre.
Padre Dirson relata também um milagre emblemático acontecido durante a peregrinação do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. “Em roma quando o Papa entregou o ícone para ser divulgado, fizeram procissão de uma igreja para outra. No trajeto, tinha uma mãe em uma janela, desesperada porque seu filho estava doente e já agonizando. Quando o ícone passou, ela pediu para Maria cuidar e salvar o filho e prometeu consagrá-lo à Nossa Senhora. Naquela mesma noite a criança sarou. É um dos mais lindos exemplos de fé e confiança e da intercessão de Nossa Senhora.”
1ª Festa da Padroeira
A festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é tradicional e acontece há 75 anos, mas é a primeira vez que acontece após ter sido aprovada pelo Governo do Estado como padroeira. O decreto foi assinado no dia 27 de dezembro de 2017 durante a novena, no próprio Santuário.
A comemoração começou na última quinta-feira (21) e segue até o próximo domingo (1). A programação conta com missas às 19h e, em seguida, praça de alimentação na rua lateral. O dinheiro arrecadado é destinado à manutenção da igreja e obras sociais, como a chácara de recuperação de dependentes químico, mantido pelo Santuário.
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