Miss e Mister Gay e Transex é realizado no Teatro da MACE
Na década de 1970, os eventos mais aguardados pela comunidade gay eram os ‘pageant balls', ou seja, os concursos de beleza nos quais transformistas – na maioria das vezes, drag queens que investiam na ilusão do feminino – disputavam o reconhecimento como ‘a mais bela transformista', cujo reinado durava um ano.
As disputas, que ocorriam quase sempre nas periferias das grandes cidades dos Estados Unidos, buscavam simulavam o glamour e requinte dos concursos internacionais de miss. Para tanto, recorria-se às plumas e paetês, maquiagem, laquê e vestidos de gala, a fim de transformar salões vazios em noites de luxo, repleta de glamour e lantejoulas.
Estes eventos se tornaram febre e acabaram ganhando o mundo inteiro, inclusive o Brasil, a ponto de se tornar um dos eventos mais icônicos da cultura LGBT. Mais de 30 anos depois de sua disseminação, os concursos de beleza continuam fortes na cultura LGBT e persistem como tradição. Em Campo Grande, por exemplo, a disputa pela coroa já segue para a 10ª edição e é realizada na noite deste sábado (23), no teatro da Mace, num evento sem distinção de público e voltado para toda a família.
Em tempos de retrocesso e ‘cura gay', esta é, a propósito, a mensagem que quer ser passada pela organização do concurso: a cultura LGBT é inclusiva, diversa e deve ser celebrada por toda a família, sem distinção de credo, cor, idade, origem ou gênero.
“Queremos dar visibilidade a nossa cultura e mostrar que temos beleza, que não só física, mas também intelectual. O concurso proporciona isso e quando colocamos num local acessível, em horário mais acessível, estamos tirando nossa cultura do armário”, explica Frank Rossate, organizador do evento.
“Não podemos deixar essa cultura se perder, porque ela fala muito sobre como nós, LGBT, sobrevivemos. Essa cultura da noite, do glamour, da pluma e do paete, isso sempre foi celebrado, era algo que mostrava que nós existíamos. Então, nós queremos desta vez abrir as portas. Pode todo mundo comparecer, porque vai ser lindo”.
10 anos de resistência
Em 10 anos desde que passou a ser realizado em Mato Grosso do Sul, em 2008, muita coisa mudou na competição, que inicialmente tinha apenas duas categorias, ‘gay', e ‘transex'. “Mas sabemos que no contexto da diversidade, cada uma tem sua particularidade. Surgiram as drag queens gordas reivindicando que também são bonitas e deu super certo criar a categoria plus size. Foi o que aconteceu também com os meninos”, aponta o organizador.
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Neste ano, 34 candidatas disputam a coroa nas 4 categorias e representam um total de 16 cidades, e serão avaliadas nos quesitos beleza, elegância, passarela, simpatia e traje. Campo Grande e Três Lagoas despontam na competição e trazem representantes em todas as categorias. Dois prêmios alternativos também ganham importância, que são o ‘Miss/Mister Simpatia' – onde a vencedora é tradicionalmente eleita pelas próprias candidatas – e a ‘Miss/Mister Popularidade' – categoria que premia a competidora cuja foto receber mais curtidas nas redes sociais.
Para celebrar os 10 anos do concurso, vencedores de todas as edições foram convidados a participar do evento colocando a mão na massa. “Todas estão participando. Temos quatro que vão apresentar, dois no júri, outros nos bastidores… Eles precisavam estar nesse evento, que celebra as vitórias delas e também a nossa resistência. Vai ser uma noite de festa”, conclui Rossate.
Serviço – O Miss e Mister Mato Grosso do Sul Gay é realizado neste sábado (23), a partir das 20 horas, no teatro da Escola Mace (Rua 26 de Agosto, 63 – Centro). Os ingressos custam R$ 10. Durante a noite, haverá participação das artistas locais Laryssa Hoffmann, Priscila Hangell e Ravena Quennie.
