Xou da Xuxa completa 30 anos e em MS não falta quem lembre do programa com saudade

Atualmente na Record, foi na Globo que Xuxa viu a carreira de apresentadora deslanchar

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Atualmente na Record, foi na Globo que Xuxa viu a carreira de apresentadora deslanchar

 

Começava assim: ela chegava de outro mundo e descia da nave, aguardada por seu séquito infantil. E depois dava o que comer a seu povo para, enfim, presenteá-los com desenhos, brincadeiras e, por fim, retornar para onde veio, levando sempre um guri no colo. Não é a toa que Xuxa ficou conhecida como a ‘rainha dos baixinhos’, num reinado que dura até hoje, diga-se de passagem, muito embora as crianças daquele tempo já sejam adultos balzaquianos.

De fato, nunca, jamais, uma figura humana deteve tanta influência sobre crianças no Brasil. Nem hoje, nem Peppa Pig, Galinha Pintadinha ou seus congêneres. Xuxa é um fenômeno que sobreviveu de pé e quase incólume a escândalos, dentre eles relacionamentos polêmicos e o próprio passado obscuro, no qual foi acusada injustamente de ser atriz pornô, pedófila e, claro, admiradora do ‘ocultismo’, digamos assim.

(Reprodução/Memória Globo)A carreira que começou no início dos anos 80 deslanchou, no entanto, há exatos 30 anos, quando Xuxa estreou o matinal ‘Xou da Xuxa’. Foram cerca de sete anos de reinado, dedicados integralmente ao entretenimento infantil. Nenhuma outra apresentadora – nem Angélica, Eliana ou Mara Maravilha – jamais experimentou o gosto do sucesso estrondoso. Xuxa, de fato, era uma rainha. E jamais perdeu a majestade.

Pelo menos não aos fãs que até hoje carregam a admiração pela figura loira de olhos azuis que as embalavam pela manhã, de segunda a sábado, na TV Globo. Se procurar direitinho, não falta quem ainda se assuma fã da apresentadora, atriz, cantora, modelo e empresária. Encontramos alguns deles aqui em Mato Grosso do Sul.

“Eu tenho 32 anos, tive uma infância altamente marcada pela Xuxa. Ela era um ícone, uma referência comercial muito grande. Era impressionante, não tinha quem chegasse a altura do que ela se construiu. Mas, pra gente que era criança, ela era a mulher carismática que alegrava a gente pela TV. Nós crescemos com isso, é muito difícil não ficar entranhado”, conta a pedagoga Gabriela Amâncio, 34. “Até hoje tenho um carinho muito grande por ela. É claro que meu sonho era ser paquita da Xuxa”, revela.

As paquitas, no caso, eram o exército da apresentadora. Com uma alegoria a uniformes militares, as paquitas eram crianças que ‘cuidavam’ da plateia, como assistentes de palco. E surgiram assim que a apresentadora viu que era difícil demais controlar a gurizada em frente as câmaras. Tanto é que nesses mais de 30 anos, levando em conta sua estreia no Clube da Criança (Rede Manchete, em 1983), uma Xuxa ainda plebeia e desamparada tornou-se viral na internet por sua inabilidade de controlar o andamento do programa.

Sonho de ser paquita

“Eu queria muito, muito ser paquita. Adorava tudo da Xuxa, mas o sonho, mesmo, era ser paquita. Sempre que dava me fantasiava. Tanto é que no carnaval do Rio de Janeiro eu sugeri a minha turma para a gente sair de paquitas e eles adoraram a ideia. Confeccionei tudo, os chapéus, ombreiras, foi muito divertido”, lembra Priscila. “Tenho uma história muito engraçada, também, de um cruzeiro para a Argentina, onde a Xuxa também era uma deusa. Numa noite, no karaokê eu cantei Ilariê e vieram umas meninas dançar como minhas paquitas e eu me senti enciumada”, conta a enfermeira e professora Priscila Vidal, 30.

Fantasia de carnaval de Priscila Vidal foi 'paquitas' (Arquivo pessoal)

 

Para Priscila, Xuxa era mais que uma apresentadora, mas uma espécie de entidade para crianças. “Não sei explicar, mas quem você acha que se conecta com a audiência hoje como ela se conectou naquele tempo? Não tem. E mesmo com as polêmicas, ela era muito querida. E olha que nos anos 90 tinha muita porcaria na TV. Nós ‘sobrevivemos’ aos anos 90 e a Xuxa vem na nossa memória até hoje”, conta.

Priscila também narra que, anos depois, chegou até ela o vídeo do filma ‘Amor, estranho amor’, no qual Xuxa interpretava, aos 16 anos, uma jovem prostituta que seria ‘dada de presente’ a um político em um bordel, e que acaba seduzindo um adolescente de 12. “Teve essa história do filme, que começou a aparecer na tevê, e daí eu descobri que meu tio fez figuração e um dia chegou com o VHS lá em casa. Até hoje eu não tive coragem de assistir, seria destruir a imagem que eu tenho dela”, brinca.

Por conta do filma, Xuxa é até hoje acusada de ser pedófila, mesmo que só tivesse 16 anos na época das gravações. Vale lembrar que até 1992, época do escândalo, quando não havia internet, ainda, tudo não passava de rumor. Só com o Youtube as cenas começaram a aparecer. Recentemente, no Fantástico, Xuxa também admitiu que foi vítima de abuso sexual por um amigo do pai, que é militar aposentado. Atualmente, ela também é porta-voz de uma campanha contra a violência infantil. E, de fato, neste vídeo, ela comenta ao também apresentador Amaury Junior sobre seus trabalhos adultos antes da carreira infantil sem esquivar-se dos fatos.

Babá Eletrônica

(Arquivo pessoal)O jornalista e publicitário Ricardo Rigo, 36, que até defendeu um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre a questão do merchandising que existe acoplado à imagem da apresentadora, também lembra do Xou da Xuxa com saudade. “Num período em que só existiam três ou quatro canais de tevê abertos, ela era a minha babá eletrônica, mesmo. Ela sempre foi um ícone, a mais famosa das apresentadoras, a que ditava moda. E eu me divertia vendo o programa”, conta.

Em sua pesquisa no curso de publicidade, Rigo observou que os produtos licenciados da Xuxa, tais como brinquedos, roupa de paquita, microfone e discos eram coisas que todo mundo queria ter. “Tudo que é ligado a produto, ao marketing de pessoa e de político, na época, diziam que não dava para ser adotado em pessoa. Mas no caso da Xuxa era diferente, ela conseguia explorar isso e em cima da figura dela vender esse marketing. E a gente queria provar o valor dela na publicidade, por meio da personagem Xuxa. Ela podia fazer uma coisa errada, mas assumia isso e dava a volta por cima. Tanto o filme como a Playboy, ela nunca disse que não tinha feito, só não deixava expor”, considera.

Para a apresentação, a equipe vestiu-se, inclusive, de paquitos. “Foi bacana, a gente se fantasiou pra entrar no clima do trabalho, que trazia que ela era um produto de marketing muito bem produzido. E justamente por ser boa nisso que ela se mantém a tanto tempo no mercado”, conclui.

Conteúdos relacionados

sexta feira 13
cidade do natal familia de renas