Proprietário diz que não há previsão de retorno das bandas
Um dos redutos da música autoral, jovem e “underground” de Campo Grande, o bar Holandês Voador, acaba de fechar pela quarta vez. Segundo informações do proprietário e músico George Van Der Ven, 30 anos, o bar está temporariamente interditado por questões de autorização para tocar música ao vivo, o que o Holandês sempre fez com inúmeras bandas. Por isso, George está solicitando a colaboração de um engenheiro ambiental ou civil que possa ajudar no caso.
“A quantidade de papel que se precisa para poder colocar música ao vivo é muito pesada. Demanda muita reforma no prédio, e se tudo der muito certo vamos reabrir o bar sem música nessa semana ou na próxima”, explica George. O proprietário ainda não tem uma estimativa de custos de quanto precisará para conseguir o alvará de música ao vivo. “Não tenho idéia do quanto terei de investir pra poder regularizar a situação. Existe uma névoa frente a isso pois não sei o que será exigido após o processo de licenciamento ambiental for aberto”, acrescenta.
Ainda segundo ele, não há previsão nenhuma ainda de a música ao vivo retornar. O Holandês Voador chegava a receber no mínimo três bandas de rock e música alternativa por dia de show, muitas delas seguindo o principal preceito do “underground”, ou o “faça você mesmo”. Hoje o bar se localiza na avenida Calógeras esquina com a rua Antônio Maria Coelho, e chegou a ser todo redecorado com grafites por um grupo de artistas da Capital.
As bandas formadas nas garagens da Capital podem ficar sem espaço para tocar. “O que pesa é que para tirar um alvará para vender álcool, cerveja, para um jovem de 18 anos em diante, você entra no Portal do Empreendedor e em 5 minutos você tira o alvará. Mas para disponibilizar um microfone para um jovem se expressar, o processo demora muito tempo, muito dinheiro e é muito pesado. Isso é uma contradição”, avalia ele.
O Holandês Voador persiste na cena musical há mais de 5 anos, desde seu surgimento em um endereço na Avenida Afonso Pena. Ele já foi aberto em vários locais, e era mantido através da resistência de um público que ainda gosta de ver as bandas em seu surgimento, criando-se uma cena local. George deixou um aviso aos colaboradores do bar no Facebook: “Sobrevivemos a mil crises e sempre saímos mais e mais fortes. Lutar pela arte livre vale todo o sacrifício”, disse.
(Matéria editada às 12h07 para acréscimo de informações)
