Para sair do abandono, Orla Ferroviária terá programação cultural
Local contará com feira, eventos culturais e esportivos
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Local contará com feira, eventos culturais e esportivos
Enquanto estava no papel, a Orla Ferroviária era daqueles projetos de encher os olhos. Com a proposta de transformar o leito da linha férrea num passeio público, exatamente no trecho entre as Avenidas Afonso Pena e Mato Grosso, o projeto de fato proporcionou uma enorme reforma e requalificação no local. Entretanto, depois de inaugurada, a Orla caiu no próprio abandono. Entrou e saiu prefeito e o local acabou tornando-se uma espécie de reduto de moradores de rua, dependentes químicos, traficantes e vândalos.
O que, de fato, deu errado na Orla Ferroviária? Porque um projeto que recorre a milhões de reais para uma reestruturação urbana simplesmente passou quase quatro anos no ostracismo e esquecida pela cidade? O arquiteto e urbanista Fernando Batiston, chefe da Divisão de Planejamento para Proteção do Patrimônio do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), o problema está no sentimento de não pertencimento e, consequentemente, à não ocupação.
“Quando não acontece a ocupação, a população que ocupa o local faz uso dele, mas sem uma noção de pertencimento. Fazem uso do espaço, mas não a ponto de zelar por ele”, explica o arquiteto. É exatamente o que ocorreu na Orla Ferroviária, cujo espaço foi tomado por moradores de rua e dependentes químicos. Assim, há pessoas naquele espaço, mas que não cuidam. Com isso ocorre a deterioração do espaço, porque os vândalos também se aproveitam da situação para destruir o patrimônio.
Para reverter esta situação, portanto, a Prefeitura lançou um programa de ocupação da Orla, cuja programação já tem início nesta segunda-feira (15), com atividades esportivas e culturais. Antes disso, o local passou por uma reestruturação do espaço físico, com assentamento do piso estragado, iluminação e, futuramente, paisagismo e decoração das paredes com grafites, num concurso em vias de ser lançado pela Semju (Secretaria Municipal da Juventude).
As reuniões para esse processo de revitalização vêm acontecendo ha cerca de 4 meses. “Já existiram algumas propostas feitas pelo Planurb, não é a primeira vez que a pasta vem tentando alguma ação para com a Orla. Já tem três anos que temos preocupação com o local”, afirma o arquiteto. Mas, agora, a iniciativa sai do papel, por meio de uma força-tarefa, para que cada secretaria dessem aquilo que fosse de sua competência para o lugar.
Acolhimento e aconselhamento social
De acordo com Fernando Batiston, a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania) tem papel preponderante para mudar esse cenário. As atividades de acolhimento e de aconselhamento começaram a ser implantadas no local com pessoas em situação de vulnerabilidade presentes no espaço. “As pessoas não sairão do espaço para os abrigos a não ser por vontade própria, e nem é preciso que elas saiam, isso precisa ser respeitado. Mas, da mesma forma que o local precisa ser revitalizado, essa população também não pode ser esquecida, abandonada lá. A Prefeitura precisa fazer esse trabalho social de aconselhamento e acolhimento”.
Segundo o arquiteto, ao mesmo tempo, a Semsp (Secretaria Municipal de Segurança Pública) começou a desenvolver ações para inibir, por exemplo, o tráfico e consumo de drogas identificado no local. Com rondas frequentes e câmeras de vigilância, o local passa a oferecer mais segurança para que as pessoas possam ocupar o espaço. “Isso já está acontecendo e a população já tem notado diferença no local. A finalidade básica é que sem segurança não há condição de se fazer nada lá. O local continuaria abandonado, por mais que a Prefeitura quisesse reverter a situação”, afirma Batiston.
Transformação Urbana
Embora esquecida, a Orla Ferroviária chegou a ser utilizada, de forma não institucional, para alguns eventos. Porém, desrespeito à leis municipais e consumo e venda de drogas provocou reclamações de moradores e comerciantes das imediações. Agora, a Prefeitura entra com uma programação oficial, que será mensal, e promove de feiras gastronômicas, de antiguidades, atividades esportivas, como caminhadas, alongamento e ginástica, além de atividades voltadas para a juventude.
“Na verdade essa nossa intervenção é um pouco diferente das demais, porque ela não envolve custos, a não ser de conservação do patrimônio, já previstos no orçamento municipal. Isso porque a Prefeitura não tem dinheiro para uma reforma e também porque chegaria a ser imoral gastar mais verba público com um local que foi recém entregue. Por isso, toda a nossa proposta de ocupação ocorre com remanejamentos de atividades de outras pastas àquele local”, explica Batiston, destacando, também, que à medida que o projeto for colocado em funcionamento, a Prefeitura buscará parceiros, dentre eles ONGs, iniciativa privada, etc.
Assim, a população deve aguardar uma transformação gradual do espaço. “É um trabalho de restabelecimento de confiança. À medida que a Prefeitura põe a Orla nos eixos, as pessoas precisam passar a ocupar o espaço. Temos que criar as condições de ocupação, mas não adiantam essas ações se as pessoas não frequentarem”, destaca.
Programação cultural
A programação divulgada para agosto traz o mapa e uma tabela com as atividades. “Ela vai ser fechada mensalmente e, na sequência, divulgada. Muitas das atividades se repetem, mas sempre com algumas novidades. Teremos caminhada orientada, aulas de alongamento e ginástica gratuita em vários dias da semana. Também colocaremos no local a Feira de orgânicos, que era duas vezes na semana, na Praça do Radio e no Paço Municipal. E agora vai sair do Paço e ser remanejada para a Orla”, destaca.
A Feira de Antiguidades da cidade também topou abrir mais um dia na Orla. Vão expor às terças-feiras. A Semju também vai proporcionar aulas de artesanato, rodas de capoeira e, para o próximo mês, um concurso de grafites. A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) entra com educação ambiental.
A Fundac também tem uma grande contribuição, com a Feira Estação Urbana, que já acontece na Galeria de Vidro. Ela ganha mais um dia, quartas-feiras, com direito a apresentação de fanfarras, orquestras e grupos musicais. Já o Planurb ficou responsável pelos food trucks, que estarão na Orla às segundas e quartas-feiras. A Segov (Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais) garantiu, por exemplo, banheiros químicos ao longo da Orla.
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