Artista tentou resgatar ‘onça’, que foi pintada

 

 

Mural de araras é revitalizado em Dourados, mas obras não serão refeitas na CapitalUm edifício no coração do centro da cidade de Dourados ganhou novas cores, pelas mãos do artista Cleir Ávila, na última semana. Duas araras vermelhas foram revitalizadas com o uso de andaime, por Cleir e sua equipe. 

O painel foi feito originalmente em 2000, e Cleir conta que o convite veio através do síndico do Edifício Adelina Rogoti, onde está a obra de arte. “Este painel virou ponto de referência em Dourados. Todo mundo quando vai passar um endereço diz: ‘perto do prédio das araras'”, relata Cleir, que acabou de voltar de lá satisfeito com o resultado. 

O mural agora está em cores totalmente vivas, 16 anos após sua criação. Em Campo Grande, onde Cleir também pintou vários prédios com murais muito parecidos, a situação é bem diferente. Por aqui existe um mural parecido, também com duas araras vermelhas, localizado na Rua 26 de Agosto, permanece sem as cores vivas nas penas e no olhar dos pássaros. 

 

Painel de tuiuiús permanece envelhecido / Foto: Cleber Gellio

 

 

Segundo o artista, não há nenhuma previsão de revitalizar esse nem os outros murais, como os tuiuiús da avenida Afonso Pena, nem o mural das araras azuis também na região central. “Não tenho planos de revitalizar nenhum painel em Campo Grande”, sentencia o artista. Isso se deve ao fato de que não há como fazer isso sem apoio e dinheiro, primeiro para comprar os materiais necessários, a mão de obra, e os andaimes que são necessários, já que as obras são gigantescas. 

Falta de apoio

Na Capital, todos estão apagados pela passagem do tempo e pela ação da chuva, do sol e das intempéries. A arara vermelha, por exemplo, foi pintada em 1995. A falta de apoio desanimou o artista. Outro episódio foi marcante: o desaparecimento da “onça pintada” em 2015, um painel gigantesco que durante muitos anos embelezou a avenida Afonso Pena, no Edifício Iná. Cleir chegou a fazer uma “vaquinha online” para arrecadar uma verba e poder revitalizar o mural, mas as contribuições não alcançaram o esperado. 

 

Muro do edifício Iná, onde a onça sumiu / Foto: Cleber Gellio

 

 

Na época, o edifício tinha apoiado a revitalização, mas havia uma manutenção que precisava ser feita antes de revitalizar as cores do mural. Ninguém ajudou. O poder público não colaborou e hoje, uma enorme parede branca ocupa o lugar que foi do felino imortalizado nos pincéis de Cleir.