Cantor comenta turnê no Brasil e participa de quiz Bíblia x Metal
“As histórias combinam, porque são bem hardcore. O que você lê na Bíblia é pesado. Tem bastante sangue, destruição, morte”. Max Cavalera justifica com o lado violento do Antigo Testamento a união de metal e religião em “Archangel”, décimo disco do Soulfly. Ele divulga o álbum com shows no Brasil, onde cantará letras inspiradas no cristianismo e outras religiões (veja datas abaixo).
O G1 desafiou Max Cavalera em um quiz para diferenciar trechos da Bíblia e letras de heavy metal brasileiro. Assista ao vídeo acima.
Max também lembra histórias com Lemmy, Kurt Cobain e conta como sobreviveu ao “lado escuro” das drogas. Os shows do Soulfly no Brasil incluem uma homenagem a Lemmy, o falecido fundador do Motörhead. Max lembra tumultuados encontros com um dos músicos que mais influenciou sua carreira, desde o início no Sepultura.
“Conheci ele em um pub na Inglaterra, estava jogando. Fui pentelhar ele, estava meio bêbado, com coragem líquida. Ele pegou um uísque e jogou inteiro na minha cabeça. Eu achei a coisa mais legal do mundo. Falei com o pessoal da banda: ‘Fui batizado pelo Lemmy’. Fiquei uma semana sem lavar o cabelo”, conta.
Bronca do veterano
Anos mais tarde, ele ainda tomaria bronca do veterano por jogar vinho nele em sessão de fotos e invadir quase pelado o palco do Motörhead. Mas foi assim, segundo Max, que ele ganhou o respeito de Lemmy: “Ele achou legal eu não ser um puxa-saco”.
Outra história de Max com um roqueiro gringo foi uma ligação que ele recebeu de Kurt Cobain. O caso foi revelado em janeiro no blog de sua esposa e empresária, Gloria. Quando veio ao Brasil em 1993, Kurt ligou para Max em busca de drogas.
“Ele ligou para minha casa em Phoenix e perguntou se eu podia arrumar heroína. Eu nunca curti heroína no Brasil. Nas baladas que eu saía rolava mais pó e maconha. Eu falei: ‘pó tem jeito, mas heroína eu não sei'”. A conversa acabou indo parar em filhos: Kurt estava com Frances recém-nascida e Max tinha em casa o bebê Zyon.
Max também não esconde suas histórias com drogas. “No livro [autobiografia de 2013], eu não pude nem falar o que fiz mesmo, porque eu ia ser preso se tivesse falado a verdade. Abusei do bagulho mesmo. Pegava três médicos diferentes, fazia as prescrições, falsificava nome. Zoava mesmo. Mas acho legal ter ido ao lado escuro da vida e ter sobrevivido”.
Abstêmio há oito anos, ele diz que o maior problema era com comprimidos e álcool. “Desde pequeno eu já bebia, acho que era relacionado com a morte do meu pai, que eu nunca aceitei direito. Então eu enchia a cara para tentar me acostumar com a dor.” Max diz que está mais criativo hoje após abandonar a bebida.