Vendedores ambulantes do centro da cidade ganham a vida no grito

Marketing que nada, eles utilizam a própria voz para se sustentarem

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Marketing que nada, eles utilizam a própria voz para se sustentarem

É impossível passar da pelas ruas do centro cidade e não notar aquele ruído que só o centro das cidades têm. É barulho de carro, buzina, som musical na frente de lojas do comércio, pessoas caminhando e por ai vai. Uma coisa que chamou a atenção do MidiaMAIS é que nas calçadas, há inúmeros de vendedores ambulantes que ganham a vida, no grito, literalmente.

Aos 54 anos, dona Creunice Souza é uma dessas pessoas. Há mais de nove anos trabalha no cruzamento da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena. O grito dela? ‘Pantanal Cap, Pantanal Cap’. Entre um fôlego e outro, um trago no cigarro e pausa para nos receber. Quando pergunto se gritar adianta, uma reposta coerente: “As pessoas andam sempre tão agitadas, correndo, hoje em dia, todo mundo parece que não tem mais ouvido, só andam com fone, ouvindo música e eu preciso vender e grito sim, para aqueles que se interessarem, virem até mim”.

Se a estratégia dela dá certo? Ela acredita que sim e garante que vende 30 cartelas durante a semana e que em épocas de festas, como o último fim de semana que foi Dia das Mães, chega a vendar até 60 cartelas.

“Ah… as pessoas gostam de apostar e acreditar na sorte; graças a Deus, porque só assim consigo vender minhas cartelinhas”, argumenta dona Creunice, que mesmo vendendo, nunca sequer comprou uma de suas cartelas da sorte.

Duas quadras pra frente, na 14 com a Barão do Rio Branco, uma outra moça, vestida de azul, toda maquiada, também vive e sustenta a casa utilizando a voz. No grito, ela anuncia o ‘Chip a 10 reais’ e diz: “Eu já acostumei a usar a voz assim, tem que fazer não tem outro jeito de chamar o cliente”.

Raissa Souza tem apenas 21 anos. Ainda não faz faculdade, mas trabalha com vontade. O gerente de vendas da operadora que trabalha, Carlos Eduardo Oliveira, diz que a estratégia de vendas, em gritar para chamar o cliente depende de cada perfil de vendedor. “Não é uma regra em si, é uma estratégia pessoal; temos uma outra vendedora que chama cliente por cliente e não grita mas essa estratégia do grito também vende” explica.

Nas banquinhas de frutas, enquanto as embalam nas bandejinhas de isopor, os vendedores também ganham a vida no grito. “É com esse grito aqui que pago as contas lá de casa”, ressalta Anderson Souza, enquanto embalava caquis, a fruta da época.

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