No Facebook, demonstrar apoio a uma tragédia e não a outra vira polêmica
App insere bandeira da França na foto de perfil
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App insere bandeira da França na foto de perfil
Após os atentados em Paris, que na última sexta-feira (13) resultaram na morte de mais de 100 pessoas, o Facebook disponibilizou aos usuários da rede uma ferramento para demonstrar apoio às vítimas da tragédia: um app que adiciona a marca d’água da bandeira francesa sobre o avatar (foto de perfil) dos usuários.
O problema é que, após milhares de brasileiros recorrerem à ferramenta, começaram a surgir críticas. Internautas consideraram que o apoio às vítimas de terrorismo em Paris em detrimento da tragédia na cidade de Mariana (MG) – onde nos últimos dias ocorreu o maior crime ambiental do país – seria uma espécie de insensibilidade aos problemas do próprio país.
Na tentativa de reverter a adoção da bandeira francesa no perfil, muitos usuários comeãram a trocar as imagens por uma foto da bandeira de Minas Gerais. E a partir daí, o discurso de crítica a quem era solidário à França passou a receber duras críticas.
“A tragédia em Mariana, que já atingiu o Espírito Santo, já virou nota de rodapé nos jornais. Enquanto isso, na França, os atendados viraram um novo 11 de setembro. Até quando?”, desdenha um usuário da rede. “A tragédia em Paris é mais tragédia que as brasileira? E o crime ambiental com mortes em Mariana? E a chacina em Fortaleza? Cadê as pessoas se indignando com isso?”, traz a postagem de outro internauta.
Não é a primeira vez que uma polêmica desse tipo acontece no país. No início do ano, quando a redação do jornal Charlie Hebdo, também em Paris, foi atacada por terroristas, a hashtag #JeSuisCharlie (EuSouCharlie, traduzido) também foi alvo de críticas.
Liberdade de ‘luto’
Diversos internautas, dos mais famosos aos anônimos, tentaram apaziguar os ânimos, como foi o caso do músico Tico Santa Cruz. “Uma tragédia não anula outra e nem é competição. Só para que a gente não se esqueça que a nossa também precisa de atenção. Luz e amor a todos que precisam”.
Confira outras mensagens de usuários do Facebook:
“Acabei de fazer uma doação de R$ 20,00 para ajudar Mariana (MG). Deu mais trabalho que compartilhar fotos sobre qual desgraça é pior, mas não é difícil e pode ser feito com ou sem bandeira da França na foto do perfil”.
“Tragédias são tragédias. Não tem nacionalismos, bairrismos…ismos…ismos ou justificativas…São tragédias e devemos repudiá-las, exaustivamente”.
“Alguém viu circular notícias sobre os ataques a Beirute um dia antes dos de Paris? No meu feed, não vi ninguém comentar. Então, tem os que falam acertadamente que não é para ficar fazendo campeonato de tragédia e relativizando os ataques a Paris, mas esses mesmos também não falaram nada sobre Beirute”.
“Tragédias são tragédias e sempre lamentáveis, cada uma à sua maneira. Cada vida perdida ou afetada é uma lástima e incomparável no tamanho e especifidade da sua dor”.
“Eventos ‘inesperados’ como desastres naturais ou atos de terrorismo são particularmente cruéis por conta do grau de imprevisibilidade que sempre contribui para aumentar o número de vítimas inocentes. Mas quando as tragédias são fruto de negligência associada à ganância de grandes empresas e tratadas como se fossem tão somente “desastres naturais” (e portanto minimizadas a ponto de parecerem inevitáveis), a tragédia em questão ganha um requinte adicional de crueldade ao não possibilitar a tão necessária reflexão para impedir que casos semelhantes possam voltar a acontecer no futuro”.
“Toda minha solidariedade e respeito à dor de todas as vítimas, estejam elas em Paris, na África, no Japão, no Oriente Médio, nas periferias brasileiras ou em Minas Gerais”.
“Não, não me venham dizer por quem posso e muito menos por quem não posso chorar. Meu pranto não precisa de lições de quem quer que seja. Sobretudo as vindas de quem só consegue respeitar as próprias dore”s.
“Agente de fiscalização de lágrima alheia: nova ocupação registrada no Ministério do Trabalho e Emprego”.
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