Há 13 anos sem a avó, neta escreve carta de saudade que dói no peito de tanto amor
Lembranças de uma vida construída com amor e muito carinho
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Lembranças de uma vida construída com amor e muito carinho
Aos 31 anos, a advogada Maira Portugal carrega uma saudade totalmente explicável no peito, o amor de sua avó já falecida. A saudade transformada em lágrimas de afeto só de lembrar do colo, carinho e até do bolinho de chuva que a avó preparava quando criança, fez a gente se emocionar junto.
A avó, Placidina Nunes Farias, partiu há 13 anos por conta de um câncer de intestino decorrente de metástase. “De uma maneira rápida, o câncer a levou, não demorou oito meses e ela não estava mais ao meu lado, lembro que nessa época, vivemos intensamente a vida com ela”, conta a neta querida.
Maira é a primeira neta e, consequentemente, tem uma ligação eterna com a avó. “Várias coisas que eu me lembro dela que me fazem sorrir; me recordo de algumas palavras que ela usava mesmo quando eu já era moça e vivia reclamando e que me davam estimulo de lutar… ela tinha uma mania de estalar os lábios que até meus amigos imitam de tanto que eu falei…é uma delícia lembrar do amor que sinto por ela”, relembra.
Na época em que a avó morreu, ela estava fazendo Direito e fazia apenas estágio voluntariado, ou seja, ralava e muito. A avó, como perfil de toda avozinha, conselheira, não a deixava desistir e a incentivava em tudo. “Já passaram muito anos, mas as recomendações que ela me passava estão vivas, deixo este legado e todos os ensinamentos de minha vózinha para o meu dia a dia, quando to meio baqueada e, também, para com meus filhos”, diz a mãe da pequena Marina, de 2 anos e de Daniel, com 1 aninho.
Maira contou ainda de mais lembranças boas. “Ela me pegava na escolinha e íamos caminhando até em casa…ela sempre falava que um ‘passarinho’ contou a ela que eu tinha feito arte e eu levo essa história do passarinho sempre comigo”, conta.
Em uma de suas últimas lembranças, Maira citou um fato que ocorreu um dia antes da partida da vó. “Eu estava no hospital e disse a ela que iria fazer uma prova para concorrer a um estagio remunerado e neste, ganharia um benefício do Vale Alimentação, e disse que daria tudo pra ela…a noite, depois de soube que fui aprovada, fui contar pra minha mãe que queria passar o outro dia inteirinho com ela no hospital e que queria chegar cedo para dar a boa notícia, só que, às 4h da manhã, recebemos a ligação de que ela não tinha resistido…foi aquele baque, eu me tentando fazer de forte, por conta da minha mãe, mas meu coração estava em pedaços”.
Recentemente, enquanto organizava as coisas de seu trabalho, Maira sentiu a necessidade de escrever uma carta de amor para a avó, de uma saudade explicável e com lembranças de vitória. Segue abaixo a carta.
Histórias da Vó
Um dia minha vó falou que os sonhos se realizam, se você acreditar… e quando estiver triste e desanimada… ela, com aquele jeito lindo de contar histórias, em um tom baixo disse no meu ouvido: “Minha filha, quando estiver desistindo..olhe para lua e veja o quão grande são as maravilhas de Deus, e também verás que tudo pode se realizar, basta confiar e acreditar que Deus tudo pode!”
Hoje não tenho minha vó aqui comigo, mas nunca esqueci de tudo que ela me ensinou, cada história, cada sonho…e lutas!!!
A vida ensina, pais cuidam, amor são vivenciados, família com sua fé, sonhos realizados, histórias são contadas, e tudo que tenho são lembranças.
Lembranças, de uma infância feliz e que tive ao meu lado uma vó que tinha o sonho de me ver formada.
Ela falava com maior orgulho para todos que eu seria advogada… na época, não tinha condições de pagar uma faculdade, mas ela falava que ela iria me ajudar, de alguma forma, lavando roupa para fora… o que fosse preciso para me ajudar na faculdade.
Quando eu estava na metade do curso, minha vó estava com câncer, sofreu muito, mas mesmo no leito de dor, ela estava torcendo e vibrando com cada vitória e conquista!
Sofri, mas ao mesmo tempo me fiz de forte, para que todos olhassem e observassem que eu estava bem, mas no fundo meu coração estava em pedaços.
O mais difícil, foi quando uma costureira chegou com um pedaço de tecido de cor vermelha (a cor preferida da minha vó), e entregou nas mãos de minha mãe, dizendo que a minha vó tinha comprado aquele tecido vermelho para ela fazer o vestido e usar na minha formatura.
Ela já sonhava, nem tinha terminado o curso, e tão sonhado momento ela esperava.
Ela lutou, ensinou e sonhou…. deixou o seu legado… nunca irei esquecer.
Lembranças e histórias da vó que ao coração estão registrados, e hoje passados já 13 anos, é assim, o tempo não apaga as histórias da vó Placidina.
E nos dizeres da minha vó… Ela me tratava “Nos pires de doce”.
Maira Portugal
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