Peça é um ‘desencontro marcado disfarçado de monólogo’

Vamos falar de um espetáculo de teatro que tem um roteiro marcante. Marcante no sentido de sempre ter acompanhado a trajetória da carreira e vida do personagem principal, o ator Emmanuel Mayer.

Como ele mesmo disse ao MidiaMAIS, ‘quem me conhece sabe e não tem porque esconder’. O ‘saber’ que o ator se refere, faz parte da luta constante contra as drogas, altos e baixos e tudo que ele passou e tem tudo a ver com o roteiro do espetáculo ‘Até o Fim’, que tem sua estreia nesta quinta-feira (16) e segue até domingo (19), na sede do Teatral Grupo de Risco.

“Digamos que eu quase fui até o fim e digamos que o personagem do espetáculo, que sou eu, vai até o limite”, conta. Não falando de droga especificamente, mas entrando nesse universo, o espetáculo é um monólogo e gira em torno de uma confusão mental com o próprio personagem…o tempo todo.

O que para ele, enquanto ator, o saber de todo mundo se tornou não insuportável, a ponto de estar escancarado em um espetáculo de teatro.

Instalada no cenário, uma projeção vai contando a história junto com o ator. Em um tom de conversa ou depoimento, ele ‘troca’ ideia e comenta cada imagem retratada no vídeo. “Tem cenas da minha infância, momentos bons e ruins da minha vida atual…fico brincando em cena e relembrando”, explica.

A busca pelo centro terapêutico, o grupo de auto ajuda e até a religião estarão enfatizadas no espetáculo. O questionamento de estar vivo também é nitidamente retratado por Emmanuel Mayer. “Ao mesmo tempo ele é tão covarde que tenta se matar de maneiras covardes e estéreas; mas vive na busca, não tem um ‘fim’, mas sim, a esperança de seguir com olhos abertos”.

‘Até o Fim’ faz parte do projeto do FIC – Fundo de Investimentos Culturais da Fundação de de MS.  A peça tem como ponto de partida a dramaturgia escrita por Éder Rodrigues de Minas Gerais, à partir de uma pesquisa previamente elaborada em torno da linha poética que aventura nas interações humanas e que mais propriamente tenta desvendar a ligação entre o uso de substâncias químicas, carências afetivas e as relações contemporâneas.

Nesse espetáculo, o diretor, Adilson Siqueira, acredita que o texto não é teatro e tenta eliminar essa questão, assim como a interpretação e personagem, por se tratar de um trabalho biográfico do relato e depoimentos das experiências do próprio ator.

A linguagem cinematográfica também compõe o espetáculo e é assinada pelos editores Farid Fahed e Celso Petit.

Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 e estarão a venda no local. O Teatral Grupo de Risco fica na Rua José Antônio, nº 2.170 quase esquina com a Eduardo Santos Pereira. Em todos os dias, o espetáculo será apresentado pontualmente às 21 horas. Mais informações pelo telefone (67) 3042 8262.