Com livro de contos, escritora campo-grandense é finalista do prêmio Açorianos
Livro ‘Ter saudade era bom’ concorre na categoria ‘Contos’
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Livro ‘Ter saudade era bom’ concorre na categoria ‘Contos’
Em 2014, quando a jornalista Moema Vilela venceu o edital FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais), da Fundac (Fundação Municipal de Cultura), para publicar um livro a que passara os últimos anos se dedicando, ela não imaginava quer seria para tanto. O ‘tanto’, no caso, é a repercussão, já que a obra, intitulada ‘Ter saudade era bom’, tem causado sorrisos pelas mãos em que passa, inclusive as minhas.
No entanto, nada se compara com o prazer inenarrável de, por meio da obra, ser uma finalista do prêmio Açorianos de Literatura 2015, na categoria Contos, o maior do Rio Grande do Sul, cujo anúncio dos vencedores ocorrerá na famosa ’Noite do Livro’, no próximo dia 23. “Só a indicação já é surpreendente. O que eu fico na expectativa, que eu acho que é algo comum a todo mundo que é finalista, é que assim se dê mais atenção ao livro, embora aqui em RS já tenha acontecido coisas muito legais. Tenho tido críticas boas, momentos bons com meu livro”, explica a autora.
O prêmio é uma realização da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, cidade na qual Moema mora, atualmente, por conta do doutorado de Escrita Criativa que desenvolve na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Em Campo Grande, além de dedicar-se ao jornalismo cultural e literário, Moema também concluiu o mestrado em Estudos de Linguagens, pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
Falando de contos
Confesso que tentei fazer diferente, mas é difícil trocar palavras e fazer perguntas à escritora e não querer fazer daquilo um bate-papo. Além da honra da indicação ao Açorianos, também conversamos sobre o prazer de escrever, gêneros literários e até sobre ‘saudade’ – coisas de quem é de um estado e mora n’outro.
‘Ter saudade era bom’ é dividido em três seções e apresenta ao leitor 16 contos, escritos ao longo de alguns anos, mas que encadernados na mesma obra dão uma certa dimensão da versatilidade de Moema para desenvolver personagens. Em alguns contos, observa-se uma clara tendência ao existencialismo, em histórias que podem se passar num curto lapso de pensamento – aqueles três ou quatro segundos de reflexão que nos fazem hesitar antes de qualquer ação – mas que, desvendadas as camadas do pensar, produzem fascinantes oito ou dez páginas de texto. Em outras, o narrador é onisciente, e coloca a minha teoria toda abaixo. O que seria certo dizer, portanto, é que Moema experimenta uma narrativa em que é difícil rotulá-la.
Certíssima, ela, que amante dos contos – o ‘patinho feio da literatura’ – acha que as histórias curtas dão liberdade literária para criar universos e, com facilidade, poder sair deles. “O conto é um gênero que me encanta, e que permite criar um universo diferente de personagens. Quando você escreve um romance, você tem que se manter naquilo, naquela coesão. Isso também é muito interessante, porque depois que você termina o trabalho, tem aquele mundo muito bem construído, sedimentado. Mas no conto estamos falando de um fragmento, em que se tem muito mais liberdade criativa. Você pode inventar um adolescente de classe média baixa no auge de certas dúvidas e também colocar, na mesma obra, uma mulher sofrendo uma rejeição amorosa”, aponta.
Vivendo já há algum tempo anos em Porto Alegre, Moema também entende do drama existencial de pertencer, digamos assim, a dois lugares. “Eu me sinto bem ligada aos dois estados, mas aqui tem esse movimento literário, essa valorização, que me inspira a propor coisas aí. Aqui já está acontecendo, já dei oficinas de criação, já participei de outras publicações, é muito gratificante. Mas meu ‘porrrrrta’ e meu ‘quarrrrrrta-feira’ são meus e dizem muito sobre quem eu sou, de onde vim”, conclui.
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