Park’s convidou Guto Naveira para fazer painel

A artesã Conceição Freitas da Silva mal sabia que uma de suas obras de arte se tornaria um dia, ícone da cultura sul-mato-grossense. Quem associa o nome à pessoa, automaticamente já se lembra dos famosos bugrinhos de madeira. Para prestar uma homenagem digna à Conceição que, inocentemente fazia os bugrinhos mais ‘cutes’ e que representam tão bem o artesanato regional, o Park’s resolveu inovar na decoração e convidar o artista plástico Guto Naveira para repaginar o ambiente.

Com uma versão mais urbana, Guto fez por durante cinco dias, um painel de 20 x 3 metros, com vários bugrinhos. Segundo ele, a ideia de um dia, dar vida a um bugrinho da Conceição sempre esteve em mente. “Foi um momento muito alegre de ressaltar essa cultura, que muito tem a dizer ao nosso Estado e que me deixou mais motivado a representar a altura, porque ela, sem dúvida é uma artista nata”, pontua.

Ao todo foram mais de 40 latas de spray para fazer a obra de arte. Ao fundo, o grafiteiro usou tinta de látex e como toda arte tem um nome, eles a denominaram de ‘Conceição, a mãe de todos os Bugres’.

Há dois anos, o artista grafitou o parquinho do restaurante. Na época, criaram um personagem para poder deixar o ambiente mais lúdico. Em entrevista ao MidiaMAIS, um dos proprietários do Park’s, Silvio Nucci disse que teve a ideia de trazer o bugrinho para compor o cenário do restaurante, que ele insiste em chamar de boteco, porque tem tudo a ver com o quesito artístico que o Park’s oferece.

“Pra quem mexe com cultura, sabe do valor que Conceição dos Bugres tem, mas a nova geração não a conhece e pensando em manter viva a arte dela e, principalmente informar os novatos, pensamos em trazer para o cenário do bar a arte do Guto… é uma homenagem não só a ela, mas para todos os artistas e artesãos de Mato Grosso do Sul”, explica.

O Park’s é um dos restaurantes mais antigos da Capital. A decoração rústica do ambiente tem tudo a ver com os segmentos culturais que lá permeiam, uma vez que, rola música ao vivo em algumas noites, declamação de poesia também, artes plásticas espalhadas pelo local e claro, a culinária, que também é um fator cultural.

“Acho que o papel do poder público, todos eles, deve fazer valer a sua história, principalmente a cultural que é que a forma da expressão de uma época… aqui no Park’s, a tendência é essa, sempre fazer esse resgate, justamente porque temos esse papel, enquanto cidadãos e local público, de desenvolver e contribuir com a cultura da cidade”, avalia Nucci.

Reza a lenda que Conceição começou a esculpir os bugrinhos quando viu uma cepa de mandioca com cara de gente e teve a ideia de fazer uma pessoa e, quando a mandioca secou, ela ficou com cara de velha e a artista passou a trabalhar na madeira.

O grafite fica acima dos banheiros externos. No local, que ainda está em reforma, Silvio pensa em colocar algumas estátuas dos bugres nas entradas de cada banheiro justamente para poder manter viva a arte de Conceição. “Ainda penso em colocar um aviso sobre a arte dela nas mesas, para as pessoas que ainda não sabem tomarem conhecimento”, diz.

Saiba mais

Os trabalhos da artista são relacionados aos objetos confeccionados pelas sociedades indígenas do Mato Grosso do Sul e sua arte. Conceição começou a esculpir os bugrinhos quando viu uma cepa de mandioca com cara de gente e teve a ideia de fazer uma pessoa. Quando a mandioca secou, ela ficou com cara de velha e a artista passou a trabalhar a madeira.