O serviço oferece uma infinidade de filmes e séries online

Assinar serviços de streaming de filmes e séries, como o , pode ser a porta de entrada para o fim da vida social. A possibilidade de determinar o quê e quando assistir aos seus conteúdos favoritos tem revolucionado a nossa maneira de consumir entretenimento e, em muitos casos, é considerado um caminho sem volta rumo à “procrastinação eterna”.

“Ainda ontem terminei as nove, temporadas de How I Met Your Mother que havia começado a assistir no mês passado. Ou seja, sou muito viciada mesmo.” O relato é da jornalista Tatyane Cance, mas poderia pertencer a qualquer um dos cerca de 62,27 milhões [dados da própria empresa] de assinantes no serviço no mundo todo.

São pessoas que não suportam a programação engessada das emissoras de televisão e que se surpreendem cada vez mais com a qualidade do conteúdo produzido pela empresa. São R$ 14,99 ao mês, pagos para ter direito a ver filmes e séries ilimitadamente, sem a necessidade de baixar dados e totalmente online.

“Eu deixo de sair muitas vezes, primeiro por que não sou muito de sair à noite, e segundo por que prefiro mil vezes assistir séries e filmes. Então, Netflix mudou muito a rotina da minha vida.”, explica ao contar que TV ligada em canal aberto ou a cabo é coisa rara de se ver em sua casa.

Ao contrário de Tatyane, foi a partir da assinatura da Netflix que a estudante de biologia Karen Okasaki, 23 anos, decidiu comprar a sua primeira televisão. “Não tinha TV em casa até descobrir o streaming de séries e filmes. Depois disso entramos em acordo aqui em casa e compramos a TV”, que ela garante: nunca é ligada em canal aberto.

 “Por que vou ver TV? Chego na casa dos meus pais e eles estão vendo novela aí eu pergunto: vocês assistem essa novela? E eles me respondem: Não, só estamos esperando a outra começar. Como pode isso, gente? Eu não entendo”, conta entre risos a autointitulada “mestranda em internet”.

 Com séries exclusivas, como “House of Cards” e “Orange Is The New Black”, além de documentários como “Blackfish”  a Netflix é soberana no mercado brasileiro, mas já disputa espaço com Snag Films e Crackle, por exemplo.

“Vejo muito Netflix, mas gosto bastante de Popcorn Time, (espécie de “Netflix para Torrents”). De um jeito ou de outro, a questão é que já passei semanas sem sair de casa só para assistir uma série. Quem nunca?”, questiona Karen.

Vício

Além de possuir um universo de opções de filmes e séries, a Netflix possui outro fator agravante para o vício: ela disponibiliza todos os episódios das séries de uma só vez. “Eles produzem muita coisa legal. A gente não precisa esperar eles colocarem lá para ter um novo vício. How I Met Your Mother, por exemplo, ainda não saiu a última temporada, por que eles demoram um pouco pra colocar. Mas tem The Fall que é uma série divina também e que é produzida por eles, então eles já disponibilizam os episódios atuais tudo de uma só vez. Facilita e muito o vicio. A questão é que sempre tem alguma coisa pra ver”, diz empolgada como quem vê um mundo inteiro a ser explorado.  

Nova dinâmica

A adaptação da audiência a esses serviços têm sido um golpe de difícil assimilação para as empresas de TV e produtoras de filmes e seriados que correm para se ajustar as novas demandas.

Na última sexta-feira (26), a gigante da televisão paga, HBO, postou os primeiros episódios de suas duas novas séries de comédia no Facebook transformando o site de rede social em uma nova plataforma para visualização de TV. “Ballers” e “The Brink” estarão disponíveis “por tempo limitado” de graça, segundo comunicado.

Os episódios também podem ser vistos no HBO NOW e HBO GO, dois serviços de streaming, criados para competir com a Netflix. Além disso, as televisões fechadas têm percebido a migração da audiência.  Aos poucos, elas disponibilizam maiores opções de escolha e de formação de uma grade de programação própria que atenda especificamente aos interesses do assinante.