Quando perguntamos a Dinarte Spadari Neto qual é o maior desafio de arquitetar soluções SAP na era da nuvem, ele sorri, como quem sabe que a resposta está muito além das linhas de código. “O maior desafio”, diz ele, “é entender que estamos resolvendo problemas humanos com ferramentas digitais. A tecnologia é apenas o meio”.
Essa perspectiva talvez seja a chave do sucesso de Dinarte. Com mais de 16 anos dedicados às tecnologias SAP — e nos últimos cinco mergulhado nas profundezas do SAP Business Technology Platform (BTP) — ele não se vê apenas como um especialista técnico. Ele se enxerga como um tradutor de complexidade: alguém que transforma o caos de sistemas legados, regras de negócios e expectativas globais em arquiteturas coerentes, seguras e escaláveis.
Mas nem sempre foi assim.
A Semente da Curiosidade
Natural de Porto Alegre, no sul do Brasil, Dinarte começou sua carreira no universo SAP como desenvolvedor ABAP. “Eu queria entender como os sistemas conversavam entre si. Era como desvendar um idioma secreto”, lembra. Esse fascínio pelo funcionamento interno dos sistemas o impulsionou a buscar mais, sempre mais.
Ao longo dos anos, acumulou certificações, liderou projetos e se aventurou por empresas multinacionais — como Rivian Automotive e Tenneco Inc. — sempre com um olhar voltado para inovação. Seu livro Architecting SAP Cloud Applications with SAP BTP and CAPM, publicado em 2023, cristalizou esse conhecimento e lhe garantiu reconhecimento como autor técnico.
No entanto, por trás do currículo brilhante e dos prêmios — como o Global Recognition Award 2024, que o colocou sob os holofotes da Business Insider — está um profissional movido por algo mais profundo.
Arquitetando com Propósito
“Não basta resolver. É preciso entender para quem se está resolvendo”, afirma Dinarte. E essa filosofia aparece claramente em seus projetos.
Na Cristoro, no Chile, liderou uma transformação no SAP Public Cloud que reduziu a latência em 35%, automatizou a governança e otimizou a experiência dos usuários finais. Em outra frente, na Bunge Brasil, orquestrou integrações críticas com segurança reforçada e foco em compliance — sempre atuando com equipes distribuídas, da América Latina aos Estados Unidos.
Trabalhar com times multiculturais, aliás, é uma de suas paixões. “A diversidade de perspectivas é o que torna a solução mais rica. Quando todos olham na mesma direção, é fácil perder o que está nas bordas”, reflete.
Aprendizados na Adversidade
Dinarte também faz questão de lembrar os momentos difíceis. “Em 2020, durante um projeto crítico de migração, perdemos conectividade com serviços essenciais por quase 48 horas. Foram dias tensos, mas aquilo nos obrigou a reavaliar toda a arquitetura de contingência e nos deu aprendizados que carrego até hoje.”
Esses episódios forjaram não só sua habilidade técnica, mas também sua resiliência. “Não é o erro que define o profissional. É o que ele faz depois dele.”
Mentoria e Legado
Hoje, além de liderar arquiteturas na Exed Consulting, Dinarte dedica tempo à mentoria de novos profissionais. Como membro sênior do IEEE e jurado do Globee® Technology Awards, ele vê sua missão ampliada: “Quero ajudar a próxima geração a entender que excelência técnica começa com empatia.”
Essa postura é visível até mesmo na forma como escreve seus artigos e livros. “Procuro mostrar o caminho e não apenas o destino. Os atalhos que eu levei anos para descobrir podem ser úteis para alguém que está começando agora.”
O Futuro da Arquitetura SAP
Perguntado sobre o futuro, Dinarte não titubeia: “A arquitetura SAP está se tornando cada vez mais invisível e mais crítica. A orquestração entre APIs, eventos e usuários será o novo diferencial. Mas no centro disso tudo, continuará a necessidade humana por clareza e propósito.”
Essa visão humanizada da arquitetura digital talvez seja o que torna Dinarte Spadari Neto uma figura tão singular em um mundo muitas vezes dominado por siglas e frameworks.
Afinal, como ele mesmo diz, “resolver os desafios mais difíceis do SAP é como desenhar mapas em territórios que ninguém percorreu antes. E é justamente isso que me fascina: ajudar os outros a navegarem melhor.”
Na complexidade dos sistemas, ele encontrou simplicidade. No caos do digital, buscou significado. Dinarte não apenas codifica soluções, ele desenha pontes entre o que é e o que pode ser. E é nessa travessia que mora seu legado.
Por: Matheus dos Reis Melo