“Não há justificativa para este ataque, que segue um padrão de ataques e outros comportamentos beligerantes. Essas ações ameaçam a liberdade de navegação por esta via marítima crucial para a navegação e o comércio, além das vidas daqueles nas embarcações envolvidas”, diz o comunicado, que sugere a adoção de “medidas apropriadas” no futuro.

O chanceler britânico, Dominic Raab, disse que esse foi um ataque “ilegal e imoral” realizado pelo Irã. “Acreditamos que este ataque foi deliberado, direcionado e uma clara violação da lei internacional por parte do Irã”, disse ele neste domingo. “O está trabalhando com nossos parceiros internacionais em uma resposta combinada a este ataque inaceitável.”

O ataque da quinta-feira passada ocorreu a cerca de 200 km da cidade portuária de Duqm, em Omã – a embarcação fazia a rota entre Dar el Salaam, na Tanzânia, e o porto de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, quando foi atacada. Dois tripulantes, um britânico e um romeno, morreram, e o navio acabou rebocado para terra horas depois. De bandeira liberiana, o Mercer Street é controlada por uma empresa de capital israelense baseada em Londres.

A primeira acusação veio de Israel, que apontou para o Irã e defendeu medidas duras contra Teerã, que nega qualquer responsabilidade no caso. Neste domingo, o premiê israelense, Naftali Bennett, voltou a afirmar ter provas do envolvimento iraniano no caso.

“Acabei de ouvir que o Irã tenta, covardemente, mascarar sua responsabilidade sobre o tema, sobre o qual nega qualquer culpa. Posso afirmar, com absoluta certeza, que o Irã realizou o ataque contra este navio”, declarou Bennett durante reunião do Gabinete ministerial neste domingo.

O caso foi mais um em uma longa lista de ataques contra navios israelenses e iranianos, em uma das faces mais visíveis do conflito indireto entre os dois países. Nos últimos meses, embarcações foram atacadas no Golfo Pérsico, Golfo de Omã, Mar da Arábia, Mar Vermelho e no Leste do Mediterrâneo – raramente um dos países assume a responsabilidade pelos incidentes.

Essa “guerra secreta” se insere no tenso contexto de segurança do Oriente Médio, agravado depois da decisão do ex-presidente Donald Trump de retirar os EUA do acordo internacional sobre o programa nuclear do Irã, um acordo que desde sua adoção, em 2015, sofre pesada oposição das autoridades israelenses.

O movimento de Trump em vários momentos quase levou a um conflito de grandes proporções entre EUA e Irã, além de confrontos indiretos na Síria e Iraque, onde milícias pró-Teerã se envolvem em confrontos com militares americanos e são alvo de ataques aéreos.

Com a chegada de Biden e a mudança de foco da diplomacia americana para a Ásia, o discurso beligerante foi amenizado, mas os ataques aéreos continuam.

Ao mesmo tempo, os signatários do acordo nuclear – Rússia, China, Alemanha, Reino Unido, França, além do próprio Irã e da União Europeia – tentam negociar o retorno dos EUA ao plano, que previa inspeções mais duras das instalações iranianas em troca do fim das sanções econômicas.

As conversas, que chegaram a obter avanços em suas primeiras reuniões, estão estagnadas, o que na prática significa a manutenção das políticas herdadas por Trump, marcadas por sanções econômicas e políticas que se assemelham a um bloqueio.