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Edição rara de ‘Os sertões’ é livro mais caro vendido no Brasil

O livro Os sertões parece resistir por marcar justamente uma mudança no olhar da elite intelectual em relação ao País
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O clássico Os sertões, de Euclides da Cunha, bateu o recorde brasileiro de venda de livros raros dos últimos anos. Um exemplar da primeira edição da obra do correspondente do Estadão na guerra de Canudos, publicada em 1902, foi arrematada num leilão no Rio, neste sábado, 4, por R$ 143 mil, valor que ultrapassa o alcançado por um livro de viagens de Jean-Baptiste Debret, leiloado há três anos.

A primeira leva do livro sobre o conflito no semiárido baiano teve mil exemplares publicados pela editora Laemmert & Cia, bancados pelo próprio autor. A primeira edição da obra sofreu cerca de oitenta pequenas correções do próprio punho de Euclides Nos últimos anos as aparições dessa joia da literatura e do brasileiros no mercado de livros tornaram-se cada vez mais raras.

Como o Estadão informou no dia 28, o exemplar colocado em leilão ainda possui a capa original da brochura e foi acondicionado num estojo. O livro que teve lance mínimo de R$ 1,2 mil já havia atingido R$ 22 mil na última sexta-feira. Ao longo do sábado, as ofertas dispararam. Foram mais de 80 lances até o leiloeiro bater o martelo com o novo recorde de um livro no País. A livraria Letra Viva, do Rio, que realizou o leilão, não divulgou o nome do vencedor, que é de fora do Estado.

Geralmente, os livros mais disputados em leilões são trabalhos com pranchas e ilustrações de artistas. É ilustrativo que o recorde tenha vindo de uma obra de literatura brasileira. E ainda mais de um autor que, nos últimos anos, entrou na roda de discussões e na berlinda.

Homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2019, Euclides da Cunha teve a obra questionada pelas visões preconceituosas de época sobre o sertanejo e o brasileiro. O texto é composto por teorias deterministas e ultrapassadas, mas destaca a afirmação de que o sertanejo é “antes de tudo um forte”. As contradições e a força da narrativa do massacre do arraial de Canudos pelo Exército e a atualidade da temática do interior tornam complexa a análise do legado do escritor.

Na festa literária de Paraty o livro de Euclides da Cunha foi ponto de partida para debates intensos sobre a realidade brasileira, como o impacto da presença de tropa militar em conflitos sociais, as questões indígenas e de meio ambiente e a alteridade das comunidades tradicionais. A denúncia de crimes de guerra no livro perdura.

O livro Os sertões parece resistir por marcar justamente uma mudança no olhar da elite intelectual em relação ao País. É sobretudo a partir de Euclides que o interior brasileiro vai ser o foco do debate social e cultural. Livro-reportagem por excelência, a obra influenciou gerações do jornalismo e da literatura, como a do regionalismo nordestino dos anos 1930 e do regionalismo universal que teve seu ápice com o mineiro Guimarães Rosa, autor de Sagarana e Grande Sertão: Veredas.

 

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