Enfileiramento chega a três quilômetros no sentido Campo Grande-Dourados

Donos de transportadora e caminhoneiros no mesmo círculo, e com o mesmo discurso, foi o que o Midiamax conferiu ao ir na rotatória do Macro Anel na saída de São Paulo da Capital onde um grupo com 30 homens se revezam ara lanchar e tomar água. Enquanto um sai do seu caminhão enfileirado na rodovia, outro cuida do veículo, e assim o consegue manter animados os trabalhadores do frete que engarrafaM cerca de três quilômetros da BR-163. Apenas carga perecível passa, viação de ônibus  e veículos pequenos que se apertam com apenas uma pista se quiserem transitar.

“Hoje você faz o mesmo frete que há dois anos e ganha bem menos, R$ 500 até R$ 1.000 a menos. Enquanto isso o preço do pneu sobe, do pedágio sobe e a gasolina aumenta, duas vezes no mesmo mês. Ainda a presidente fala que o Brasil não precisa do caminhão. Precisa do que então? Vai transportar como a produção? Como fica tudo nessa situação”, diz o caminhoneiro, Jorge Gonçalves, de 51 anos, de Sidrolândia, que veio até a base do protesto em Campo Grande. 

Jorge chegou na rotatória da saída de São Paulo na Capital ainda às 09h00 da manhã. Ele promete voltar todos os dias até que o Governo resolva voltar a patamares aceitáveis no preço do Diesel. Márcio Ferreira, de 53 anos, de Campo Grande,  disse à reportagem que nunca viu um cenário tão ruim para o trabalho com caminhão no frete. Segundo ele as empresas estão em uma situação delicada, empregando menos, pagando pior a quem tem vários anos de carteira, dificuldade também enfrentada pelos caminhoneiros que tentaram trabalhar como autônomos. 

“O Mercado está ruim, porque se o patrão não tiver condições de tocar o seu negócio não precisará da gente e o que a gente faz? Vou trabalhar do que? Para os companheiros que tem caminhão e trabalham por conta é pior. O frete baixo e esse preço do diesel o caboclo não aguenta com a manutenção. Nem empresa se não tiver oficina própria aguenta”, reclama.

De mais longe, mais precisamente de um lugar onde as manifestações já dão trabalho há pelo menos dez dias,Marcos César Rodrigues, está de passagem no Mato Grosso do Sul e volta para a casa descarregado, em Paranavaí, no Paraná. Ele espera que o protesto consiga um alcance maior no Estado, principalmente por ver aqui o preço mais caro do diesel que ele já viu.
“Não sei como a coisa aqui não inflamou. Parece que vai pegar e por mim o pessoal passa a noite para mostrar que a coisa é séria. Perto da minha cidade, em Cascavel os caminhoneiros ficaram mais de oito horas e fizeram um bloqueio mesmo. Só vai virar uma discussão séria para o Governo se o Brasil parar. Como assim dizer que o país roda sem o caminhão?”, questionou Marcos, que ainda informou ao Midiamax sobre uma terceira onda de aumentos no combustíveis no norte do Paraná em virtude do bloqueio de abastecimento dos postos em virtude dos caminhões tanque participarem dos protestos.

Assim como Marcos, Márcio, Jorge e outros presentes no protesto é comum a repetição a respeito de um posicionamento não oficializado da presidente Dilma em afirmar que “o Brasil pode rodar sem caminhão”. Mesmo sem fundamento oficial o mantra serve como argumento para manter cada um dos caminhoneiros na ativa do protesto. Confira também esse vídeo com outra queixa, só que de um empresário do ramo: 

https://www.youtube.com/watch?v=AxwfppYSkNM