Richard Smith foi editor da conceituada revista British Medical Journal

Morrer de câncer é a “melhor morte” possível e, por isso, deveríamos parar de desperdiçar bilhões tentar curar a doença. Essa é a opinião do médico britânico Richard Smith, renomado profissional e ex-editor da revista British Medical Journal.

Em um artigo em seu blog, depois publicado no periódico o qual editara até 2004, Smith argumenta que o câncer permite que os pacientes deem “adeus” a seus entes queridos, como se a doença os preparasse para a morte. Por isso, segundo ele, tumores seriam preferíveis à “morte súbita, falência de órgãos ou a morte longa e lenta de demência”.

Referindo-se aos escritos de cineasta Luis Buñuel, o médico disse que o câncer era a coisa mais próxima de desejo professado pelo artista mexicano de “uma morte lenta”.

“Você pode dizer adeus, refletir sobre sua vida, deixar últimas mensagens, talvez até visitar lugares especiais para uma última vez, ouvir músicas favoritas, ler poemas de amor e se preparar, de acordo com suas crenças, para encontrar o seu criador ou desfrutar do eterno esquecimento”, escreveu Smith em seu blog.

O médico vai além em seus comentários, sugerindo que pesquisadores deixem de desperdiçar verbas na busca pela cura do câncer. Em seu lugar, o ex-editor da BMJ disse preferir uma morte regada a “morfina e uísque”.

“Esta é, reconheço, uma visão romântica de morrer, mas é possível tê-la com amor, morfina, e uísque. Mas fiquem longe de oncologistas excessivamente ambiciosos, e paremos de desperdiçar bilhões tentando curar o câncer, o que poderia nos deixar ter uma morte muito mais horrível “, escreveu.

Smith, que também já atuou por seis anos em séries de programas médicos da rede de TV BBC, dirige atualmente a empresa “Pacientes Sabem Melhor” e o Centro Internacional de Pesquisas de Doenças Diarreicas.