Ferramenta aponta críticas sexistas contra mulheres poderosas
Durante o pronunciamento oficial da presidente Dilma Rousseff neste domingo, moradores de vários pontos do Brasil se manifestaram pelas janelas de suas casas com panelaços e ofensas pessoais contra o principal nome da política brasileira. Nem o Dia Internacional da Mulher poupou a presidente de ser chamada de vaca, vadia e muitos outros palavrões nada edificantes.
A reportagem fez uma seleção no campo de sugestões do Google sobre os principais políticos brasileiros e constatou que a questão sexista ainda está muito presente quando comparamos líderes homens com líderes mulheres. A ferramenta de pesquisa sugere aos internautas os temas com maior volume de busca, retratando o comportamento de quem pesquisa.
Ao colocar “Dilma é uma” no campo do Google, o natural seria aparecer “presidente” no autocompletar. Porém, o termo mais comum é “vaca”, seguido por “boa presidente” e “vergonha”. Resultado diferente de políticos homens, como o ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso.
Nomes citados com frequência nos últimos dias, como membros da lista de investigados da Lava Jato, também são pesquisados de acordo com suas competências (ou incompetências) profissionais e não por sua eventual vida sexual. A mesma regra se aplica a políticos famosos.
Mas, e se pesquisarmos sobre outras mulheres do meio político? Angela Merkel aparece como filha de Hitler, Cristina Kirchner como louca e Gleisi Hoffmann é pesquisada por sua beleza, no famoso campo “antes e depois” e “jovem”. As exceções são Marta Suplicy, que aparece com a famosa citação “relaxa e goza” e a ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, que tem a sua formação profissional questionada. Porém, nos termos seguintes ela é chamada de “homem” e “pai da filha de Dilma”, em mais um julgamento sexista.