Projetos devem sair do papel em menos de dois meses

A falta de água em grandes e importantes mananciais do Brasil fez boa parte da população colocar a mão na consciência. Situações críticas ganharam as manchetes e aqui em Mato Grosso do Sul provocou um estímulo positivo nos estudantes e profissionais da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

O grupo pretende implantar dentro de aproximadamente 40 dias dois projetos para minimizar o uso da água em pequenas propriedades rurais e também nas áreas urbanas. As ideias são bem conhecidas, mas podem ganhar grandes proporções se os resultados esperados saírem como o planejado.

Sabe-se que o experimento precisa basicamente de chuva para então, se alcançar os objetivos, e as frequentes pancadas de verão devem ajudar os membros da incubadora a analisarem a viabilidade do projeto.

De acordo com a coordenadora da incubadora, Miriam Coura, a estrutura para a captação de água pluvial foi idealizada por um pesquisador da Embrapa de São Paulo para áreas de seca. Como a realidade vivida pelos pequenos produtores rurais do Estado ainda é diferente, a incubadora fará pequenos ajustes para adequá-lo. Com apenas pedaços de bambu, plástico e uma caixa d’água a intenção é montar uma espécie de rede, captar toda a água da chuva e em seguida armazená-la. 

Esta água será utilizada, por exemplo, pela produtora Eva Silva para molhar a plantação de legumes, frutas e verduras que ela cultiva em 5,5 hectares de terra localizada no município de Jaraguari. Eva será a primeira a testar a ideia, mas, conforme Miriam, o projeto deve se estender a todos os assentamentos de Mato Grosso do Sul posteriormente.

“Para mim será uma boa ideia, pois utilizo a água de poço que precisa da energia elétrica. Todos os dias molhamos nossa produção, e o pouco que economizamos já faz a diferença”, comenta. Além de usar a água na lavoura, ela também gasta cerca de 3 mil litros de água por mês para lavar frangos. Quantidade que deixa a incubadora preocupada.

“Ela gasta muita água na produção de frango. Com o projeto pretendemos minimizar este gasto e usar a água da chuva para também, lavar os vasilhames, a calçada e futuramente tratá-la e levá-la aos animais. É uma alternativa, uma ação que nenhum assentamento possui atualmente”, explica.

A equipe multidisciplinar também estuda uma maneira de obter gasto zero com a elaboração do projeto, pois, segundo análise da coordenação, as famílias assentadas não possuem recursos suficientes para tal.

Um método com pouca diferença do que irá para o campo será aplicado pela incubadora nas áreas urbanas. Porém, neste caso, beneficiará moradores que possuem casas locadas e não podem mexer a estrutura da residência.

Uma bombona de 200 litros e um captador com filtro para impedir a entrada de mosquitos é facilmente alocada em um pequeno quintal. O captador funcionará como um funil e levará a água da chuva para dentro do recipiente. Esta água, de acordo com Miriam, ajudará nos afazeres domésticos como: lavagem de roupas, louças, carros e, sem contar que não haverá desperdício de água potável.

“Os dois projetos caminham juntos e estão em fase de desenvolvimento. Este é o papel da universidade, tirá-los do papel e levá-los para as comunidades. Talvez comecemos pelas escolas”, finaliza Mirian.