O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, está “confuso” e “frustrado” com as “ameaças” dos serviços de vigilância norte-americanos à segurança e futuro da Internet. E manifestou o seu descontentamento directamente ao Presidente dos Estados Unidos. Zuckerberg ligou a Barack Obama para expressar a sua “frustração pelas notícias repetidas sobre o comportamento do Governo norte-americano”.

Num comentário publicado na rede social, Zuckerberg afirma que ligou a Obama para expressar a sua “frustração sobre os danos que o Governo está a criar a todo o nosso futuro”. “Infelizmente, parece que levará muito tempo até ser feita uma verdadeira reforma”.

O fundador do Facebook faz assim uma crítica à actuação da Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA, na sigla em inglês), que, segundo notícias vindas a público a partir de documentos secretos entre à comunicação social pelo ex-analista informático Edward Snowden, espiou cidadãos, incluindo altas individualidades como a chanceler alemã Angela Merkel ou a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, acedeu aos servidores de grandes empresas tecnológicas como a Microsoft, Yahoo, Google, Facebook ou You Tube e a centenas de milhões de SMS.

Zuckerberg garante o empenho da sua rede social em “fazer a sua parte” na garantia da segurança dos seus utilizadores. “Quando os nossos técnicos trabalham arduamente para melhorar a segurança, imaginamos que estamos a proteger-vos de criminosos, não do nosso Governo. O Governo norte-americano devia ser um campeão para a Internet, não uma ameaça”, continua o norte-americano na sua mensagem.

Zuckerberg conclui o seu comentário naquilo que é a sua ideia de solução para garantir a segurança de quem utiliza a Internet, apostando em entidades não-governamentais para fazer esse trabalho. “Por isso cabe-nos a nós – a todos nós – criar a Internet que queremos. Juntos, podemos construir um espaço que é maior e uma parte mais importante do mundo do que qualquer coisa que tenhamos feito até agora, mas que também é segura e protegida”.

Na última segunda-feira, durante o festival de tecnologia SXSW (South by Southwest), Snowden recuperou aquele que tem sido o seu argumento contra a espionagem da NSA. O ex-analista informático, actualmente refugiado na Rússia depois das suas revelações, defende que é necessária uma “resposta política” que proteja as liberdades individuais, mas que esta deve ser também uma “resposta tecnológica”. “Estão a incendiar o futuro da Internet e as pessoas que estão nesta sala, vocês são os bombeiros”, disse Snowden dirigindo-se a quem assistia à sua palestra.