Mesmo sem cenário exótico ou efeitos visuais aos quais está acostumado, o tecladista grego Yanni, que vive nos EUA, conquistou o público que lotou o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, na noite deste sábado, 22.

Mais conhecido por tocar em locais singulares do planeta, como a Acrópole grega, a Cidade Proibida da China em Pequim, no Taj Mahal (Índia), o músico conduziu a noite com uma refinada salada de sonoridades, auxiliado por uma banda pra lá de competente.

No terceiro de quatro shows na capital paulista, o músico não fez economia no palco. Tocou, dançou, brincou e, como de costume, conversou um bocado com a plateia. E começou logo após a quarta música, falando em português.

“Boa noite, Brasil, boa noite São Paulo, estou muito feliz de estar aqui outra vez”. Logo em seguida, Yanni que toca no país pela terceira vez, continuou em inglês mesmo. “Isso é tudo o que sei falar em português”, admitiu arrancando risos.

O público, sobretudo o feminino, que permanecia bem comportado começou a se manifestar. “Essa noite vai ser boa, vocês já vieram quentes para o show”, comentou o músico, animado com o assédio.

Ele comentou também a breve passagem pela cidade. “Estamos adorando a hospitalidade, a comida e o vinho, bom, o vinho só um pouquinho”, disse.

Apesar de fugir do carimbo de ícone da música “new age”, Yanni mantém na postura e no discurso uma semelhança com a onda transcendental dos anos 1980, na qual fez fama desde o seu primeiro disco “Optimystique”, de 1984. Mesmo estilo que marca todos os outros 14 álbuns que lançou.

Todo de branco, ele abriu a noite com uma mensagem no melhor estilo ‘elevado espiritualmente’. “De todas as forças que exercem influências em nossas vidas, a mais poderosa para mim é o amor”.

Dito isso, anunciou a próxima canção que afirmou ter nascido desse amor. “Felitza”, nome da música e também de sua mãe que, segundo ele, “sabia como amar e como curar com o amor”.

Depois tocou uma antiga, do tempo em que ainda vivia na Grécia, “The End of August”. Antes conversou mais um pouco e ouviu muitos aplausos. “Minha intenção é fazer músicas positivas, não gosto de me apegar às emoções negativas, causam danos, gosto de resolver os problemas de imediato, para assim ser livre”, disse.

Yanni retribuiu o carinho dos fãs com muitas risadas e com a conhecida performance ao teclado.

Música globalizada

A mistura de ritmos que Yanni apresenta em seu show com toda certeza tem relação com a diversidade de culturas que ele traz ao seu redor, em sua banda, formada por instrumentistas de diferentes países.

E boa parte deles, ao longo do show que a reportagem do UOL acompanhou na noite de sábado, 22, tiveram espaço para exibirem suas habilidades em solos que impressionaram. Um músico, entretanto, foi além e conseguiu roubar a cena.

O baterista, Charlie Adams, que até o meio do show, chamou mais a atenção por tocar em traje social, com direito a gravata e paletó, aproveitou um solo de violino para sumir uns instantes.

Pouco depois, retornou ao palco vestindo o uniforme da seleção brasileira de futebol, levantando definitivamente o clima e o público. Em seguida, completou a cena com um solo de quase dez minutos.

Logo depois, Yanny perguntou se ele havia bebido o café brasileiro, se referindo também ao momento em que o instrumentista tocou a bateria apenas com uma mão, enquanto dava um gole em uma bebida. “Era caipirinha”, respondeu alguém no público.

Depois de cerca de duas horas e meia de show, Yanni encerrou a noite assistindo a plateia cantar seu nome: “Olê Olê Olê Olê, Yanni, Yanni”. Ele agradeceu, e antes de tocar a derradeira “One Man’s Dream” disse que gostaria de falar algo, que reconheceu já ter dito outras vezes.

Ele se referiu a astronautas que já observaram a terra de fora, e que disseram ser difícil distinguir países, porque linhas que estão nos mapas, não estão no chão. “Sonho com o dia em que todas essas linhas desapareçam, e que percebamos que somos um único povo habitando essa nave chamada de Terra”, completou, seguido de muitos aplausos.

Em novo disco, vozes consagradas

A nova turnê de Yanni pela América Latina começou no Chile, sábado passado, 15. Depois o músico seguiu para a Argentina e logo depois veio ao Brasil, quinta, 20, para a primeira apresentação em São Paulo.

Após show deste domingo, 23, no Ginásio do Ibirapuera, Yanni segue para Porto Alegre, onde se apresenta no Teatro do Sesi, dia 25 de março, e no Rio de Janeiro, no Vivo Rio, dia 27 de março, data de lançamento de seu novo trabalho.

No novo disco, “Inspirato”, Yanni terá sua musica cantada por vozes consagradas. Entre eles, Plácido Domingo, Renée Fleming, Rolando Villazón, Katherine Jenkins e Vittorio Grigolo. O novo disco deve ser apresentado na turnê que o musico inicia em julho nos EUA.