Vítimas revoltadas vaiam ex-médico Abdelmassih na chegada a SP

O ex-médico Roger Abdelmassih foi recebido com gritos de revolta por vítimas de abuso sexual ao desembarcar em São Paulo nesta quarta-feira (20). Abdelmassih foi vaiado por um grupo de mulheres que o aguardava no saguão do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul. Com um colete à prova de balas e escoltado por policiais, ele […]

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O ex-médico Roger Abdelmassih foi recebido com gritos de revolta por vítimas de abuso sexual ao desembarcar em São Paulo nesta quarta-feira (20). Abdelmassih foi vaiado por um grupo de mulheres que o aguardava no saguão do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul.

Com um colete à prova de balas e escoltado por policiais, ele chegou com um sorriso no rosto. Uma mulher tentou furar o cerco policial para agredi-lo.

Além de anônimos, cinco representantes da associação de vítimas aguardavam desde o começo da tarde a chegada do prisioneiro. “Vim dar boas vindas ao inferno. Ele disse uma vez que ele era o Deus aqui na terra. E agora para onde ele vai é o inferno. Ele não é Deus lá não”, disse Vanuzia Leite Lopes, criadora do grupo.

As vítimas e curiosos aguardaram perto da delegacia da Polícia Civil em Congonhas. Um cordão de isolamento foi montado para deixar um corredor livre para a passagem do preso. Algumas subiram em cadeiras para ver a passagem do ex-médico e acompanhar a movimentação policial.

Abdelmassih chegou a São Paulo escoltado pela Polícia Federal desde Foz do Iguaçu, no Paraná. Ainda por volta das 16h30, ele passava por exame de corpo de delito por peritos do Instituto Médico Legal (IML) no próprio aeroporto. Depois, seguirá para o presídio de Tremembé, no interior do estado.

Condenado em 2010 a 278 anos de prisão por 48 ataques a 37 mulheres entre 1995 e 2008, o ex-médico foi preso na terça (19) no Paraguai, por agentes ligados à Secretaria Nacional de Antidrogas do governo paraguaio com apoio da Polícia Federal brasileira.

O ex-médico era considerado um dos principais especialista em reprodução humana no Brasil. Após sua condenação e fuga, passou a ser um dos criminosos mais procurados pela Polícia Civil do estado de São Paulo. Ele ficou três anos foragido. A recompensa por informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil.

A Polícia Civil de São Paulo pretende interroga-lo sobre mais 26 ex-pacientes que o acusam de estupro. Além disso, a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na capital paulista, quer ouvi-lo sobre crimes envolvendo manipulação genética irregular que ele teria cometido. Quatro pacientes relatam ter tido problemas na gestação ou má-formação dos filhos após se submeterem a tratamento na clínica que ele mantinha.

“Com a vinda dele [Roger] ao estado de São Paulo, agora irei pedir a Justiça para ouvi-lo no inquérito no qual é investigado por suspeita de mais 26 estupros consumados ou não”, disse a delegada Celi Paulino Carlota, titular da 1 DDM.

Além disso, o ex-médico é investigado por crimes previstos na Lei 11.105 de 2005 de Biosegurança. “Quatro dessas mulheres, ex-pacientes, relataram problemas. Uma teve um filho com síndrome de Edwards [que causa má-formação no coração, cabeça e pés], outra com síndrome de Down, e duas contaram sobre abortos”, afirmou Celi. “Coisas graves como abortos em série e feto que morreu e a mulher viveu meses com ele na barriga sem que o então médico quisesse retirar”, conta a delegada.

Esse é o segundo inquérito por estupro que Roger responde na DDM em São Paulo. O primeiro, que apurava também atos libidinosos, resultou na condenação dele na Justiça em 2010 a uma pena de 278 anos de prisão por 48 ataques a 37 mulheres entre 1995 e 2008. Todos os inquéritos estão sob segredo judicial para preservar a identidade das vítimas.

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